ATA DA OITAVA REUNIÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
04.02.1998.
Aos quatro dias do mês de
fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi
realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Clovis Ilgenfritz, João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário e
Paulo Brum, Titulares, e Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão e Pedro Américo
Leal, Não-Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores
Anamaria Negroni, Eliseu Sabino, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães,
Titulares, e Cláudio Sebenelo, Não-Titular. Constatada a existência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição
em avulsos de cópias das Atas da Sexta e da Sétima Reuniões Ordinárias que,
juntamente com a Ata da Quinta Reunião Ordinária, foram aprovadas. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 47, 49, 50, 51, 52 e 53/98, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 17/97, do Vereador Cacildo Goulart Delabary,
Presidente da Câmara Municipal de Lavras do Sul/RS; 01/98, do Vereador Paulo
Ivo Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Itacurubi/RS; 01/98, do Vereador
Luiz Hermozil Correa de Lima, Presidente da Câmara Municipal de Santo Augusto/RS;
01/98, do Vereador José Luis Camargo de Moura, Presidente da Câmara Municipal
de Vila Nova do Sul/RS; 01/98, do Vereador Edir Ilson Kittel, Presidente da
Câmara Municipal de Dona Francisca/RS; 01/98, do Vereador Tito Livio Jaeger
Filho, Presidente da Câmara Municipal de Taquara/RS; 01/98, do Vereador José
Vargas Dias, Presidente da Câmara Municipal de Caçapava do Sul/RS; 01/98, do
Vereador Homero Lopes Machado, Presidente da Câmara Municipal de
Formigueiro/RS; 01/98, do Vereador Pedro Colet, Presidente da Câmara Municipal
de Barão do Cotegipe/RS; 01/98, do Vereador Antônio Cettolin, Presidente da Câmara
Municipal de Garibaldi/RS; 01/98, do Vereador Carlos Alberto Gianatassio,
Presidente da Câmara Municipal de Torres/RS; 01/98, do Vereador Mauri
Sperandio, Presidente da Câmara Municipal de Mariano Moro/RS; 01/98, do Vereador
Cláudio José Ceron, Presidente da Câmara Municipal de Ipiranga do Sul/RS;
01/98, do Vereador Aulisio Barbosa da Silva, Presidente da Câmara Municipal de
Mostardas/RS; 01/98, do Vereador Osni Souza, Presidente da Câmara Municipal de
Tramandaí/RS; 02/98, do Vereador Ernesto de Oliveira, Presidente da Câmara
Municipal de Itatiba do Sul/RS; 03/98, do Vereador Luiz Carlos Kramer,
Presidente da Câmara Municipal de Lagoa Vermelha/RS; 08/98, do Vereador Sidnei
Pires Gerhardt, Presidente da Câmara Municipal de São Borja/RS; 13/98, do
Vereador Hamilton Silva, Presidente da Câmara Municipal de São Leopoldo/RS; 131,
245, 247, 249,
251, 253, 255,
257 e 259/98, do Senhor Gilberto
Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João
Dib criticou o Senhor Prefeito Municipal pelo atraso verificado no envio de
respostas a Pedidos de Informações formulados por Vereadores deste Legislativo.
Ainda, comentou solicitação feita pelo Vereador João Carlos Nedel, de acesso
dos Senhores Vereadores aos bancos de dados informatizados dos órgãos do
Executivo Municipal. Na ocasião, o Senhor Presidente informou já estar sendo
providenciado o acesso dos Senhores Vereadores aos dados constantes no sistema
de informática da Prefeitura Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio
Hohlfeldt referiu-se a artigo publicado no jornal Gazeta Mercantil do dia dois
de fevereiro do corrente, no qual o Professor Sandor Aquino Grehs, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, denuncia ter ocorrido troca de integrantes
do Conselho Municipal do Meio Ambiente, promovida pela Prefeitura Municipal, a
fim de favorecer a implantação de uma Pista de Eventos no Parque Marinha do
Brasil. A Vereadora Clênia Maranhão, reportando-se ao discurso do Vereador Antonio Hohlfeldt, teceu considerações a
respeito dos procedimentos adotados pelo Executivo Municipal para definir a
Comissão Técnica responsável pela elaboração do Relatório de Impacto Ambiental
relativo à construção de uma Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil.
Ainda, discorreu sobre a campanha "Liquida Porto Alegre", salientando
que esta iniciativa representará um aumento significativo na atividade
comercial da Cidade. A Vereadora Maria do Rosário contraditou declarações
feitas pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, referentes às denúncias do Professor
Sandor Aquino Grehs sobre a substituição de conselheiros do Conselho Municipal
do Meio Ambiente, defendendo as medidas tomadas pela Prefeitura Municipal no
tocante ao assunto e declarando seu posicionamento favorável à implantação de
uma Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil. O Vereador Isaac Ainhorn
analisou posições adotadas por partidos de esquerda quanto às possíveis
alianças políticas para as próximas eleições presidenciais. Também, manifestou-se
sobre a proposta do Executivo Municipal, de construção de uma Pista de Eventos
no Parque Marinha do Brasil. O Vereador Luiz Braz refutou declarações feitas
pelo Vereador Isaac Ainhorn, referentes a posições adotadas pelos partidos de
esquerda em relação à atual conjuntura política, ressaltando ser objetivo do
PTB a defesa dos ideais trabalhistas,
com o fortalecimento da democracia. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 23/98 (Processo nº 370/98 - Sessão Solene
em homenagem à Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul), de autoria do
Vereador João Dib. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell teceu comentários sobre a campanha
"Liquida Porto Alegre", analisando aspectos referentes à edição deste
evento no ano passado. Também,
salientando a importância da atuação conjunta entre as entidades
promotoras a fim de garantir o sucesso da campanha "Liquida Porto Alegre", propugnou pelo fortalecimento
do turismo na Capital. O Vereador
Clovis Ilgenfritz destacou a importância das atividades realizadas pela
Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre, declarando ser
este um período de reflexão e de discussão política. Discorreu sobre o modelo
econômico vigente no País, em especial
quanto ao processo de privatizações e ao sistema tributário. O Vereador
João Dib, ao referir-se sobre à possibilidade de construção de uma Pista de
Eventos no Parque Marinha do Brasil, afirmou que tal obra não encontra amparo
na Lei Orgânica Municipal. Também, manifestou-se acerca do repasse de verbas
públicas para a Associação das Entidades Recreativas, Culturais e Carnavalescas
de Porto Alegre e criticou atrasos verificados no envio de respostas a Pedidos
de Informações formulados pelos Senhores Vereadores ao Executivo Municipal. Na
ocasião, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal do Vereador Adeli
Sell, solicitando cópias do discurso do Vereador João Dib, acima referido, com
a anuência do Orador. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro teceu
comentários sobre o modelo econômico adotado pelo Governo Federal e analisou
opiniões assumidas, em relação ao assunto, por economistas participantes do
"Fórum Econômico Mundial", realizado na Suíça. Também, discorreu
sobre aspectos relativos ao Plano Real, lendo artigo publicado na edição do dia
trinta de janeiro do corrente do jornal Folha de São Paulo, intitulado
"Real cai em seis meses". A Vereadora Maria do Rosário criticou o
sistema tributário ora vigente no País, defendendo uma revisão das leis
atinentes ao assunto, a fim de reduzir os prejuízos de Estados e Municípios
quando do repasse de verbas por parte do Governo Federal. Ainda, referiu-se à
implantação dos pedágios nas rodovias gaúchas, declarando que
a melhora nas
estruturas das estradas ainda está muito aquém da prevista,
apesar do volume na arrecadação
tarifária ora observado. O Vereador Paulo Brum fez um relato da participação de
Sua Excelência no I Encontro da Frente
Riograndense de Parlamentares e Executivos Portadores de
Deficiência, realizado na cidade de Santa Maria, tecendo considerações sobre
temas debatidos durante o evento e ressaltando a necessidade de que seja
observada a legislação vigente, que estabelece medidas a fim de facilitar a
vida dos indivíduos portadores de deficiência. O Vereador Pedro Américo Leal
analisou dados referentes ao volume
dos investimentos feitos pelo Governo Federal na área da saúde pública, reportando-se a
artigo de autoria do Doutor Jorge Darzi, Diretor da Federação Nacional
dos Médicos, intitulado "1997, o ano que não foi da saúde". Ainda,
discorreu sobre o processo de privatizações observado no país, classificando
como de "miserabilidade" a situação social hoje vivenciada pelos
brasileiros. A Vereadora Clênia Maranhão teceu comentários sobre a influência
do capital financeiro internacional na economia brasileira. Também, externou
sua intenção de contribuir para a implantação de políticas que viabilizem
melhorias na infra-estrutura dos serviços públicos, incentivo ao turismo e
aumento na qualidade de vida em Porto Alegre. O Vereador Cláudio Sebenelo
manifestou-se acerca dos problemas decorrentes da contaminação do Arroio
Dilúvio, causada pelo lançamento de dejetos sanitários, e propugnou por uma ação mais efetiva dos órgãos
governamentais no desassoreamento do leito e na recuperação das águas desse
Arroio. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando
cópias do discurso do Vereador Cláudio Sebenelo, acima referido, com a anuência
do Orador. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Anamaria Negroni, reportando-se ao
discurso da Vereadora Clênia Maranhão, declarou ser o turismo uma das bases de
sua atuação política, defendendo a realização de projetos que visem dar
incentivos a atividades nesta área e ressaltando que a exploração turística proporciona,
dentre outras vantagens, a geração de empregos e o aumento na arrecadação de
tributos. O Vereador Isaac Ainhorn reportou-se a pronunciamentos anteriores,
acerca da questão do turismo em Porto Alegre. Afirmou que, apesar da Cidade
possuir um elevado potencial turístico, o Executivo Municipal não tem dado a
atenção devida a esta questão, discorrendo sobre possíveis alternativas para
viabilizar o fortalecimento das atividades econômicas pertinentes à área. O
Vereador Reginaldo Pujol manifestou seu apoio aos pronunciamentos hoje feitos
na Casa, acerca da questão do turismo em Porto Alegre, tecendo considerações
quanto a projeto encaminhado pelo Executivo Municipal, visando à extinção da
Empresa Porto-Alegrense de Turismo – EPATUR, com sua substituição por um
Departamento de Turismo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol
deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, analisando as
potencialidades turísticas de Porto Alegre, e, manifestando-se contrariamente à
extinção da EPATUR, salientou a
importância de um amplo debate acerca do assunto, envolvendo todos os segmentos
da sociedade. Às treze horas e oito minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados
pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Não há proposições apresentadas à Mesa.
O Ver. João Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, uma das coisas que eu pretendo ver este ano é como
ser mais bem tratado pela Bancada do PT. Quando ocupo esta tribuna e quando
faço as minhas colocações, faço-as com absoluta seriedade e responsabilidade,
até porque um passado de trabalho nesta Cidade exige isso. E há uma preocupação da Bancada petista em colocar o
seguinte: "o Ver. João Dib, com a responsabilidade que tem, não pode se
pronunciar da forma como o faz".
Ontem, eu fui a um programa
de televisão, onde o Secretário da Fazenda disse que eu fui desmentido pela
Associação dos Agentes e Inspetores de Tributo do Município, AAIMU. Em primeiro
lugar, quero dizer que só se desmente uma afirmação. E eu não afirmei nada, eu
apenas havia perguntado. E a AAIMU não desmentiu, porque não se desmente uma
pergunta, se responde. O Secretário e os demais não responderam. Apenas
disseram que eu havia feito confusões entre UFIR, Real e taxa de lixo. Eu não
confundi nada! Eu li o documento da AAIMU. E a AAIMU informou aos jornais que,
como eu perguntava e afirmava, tratava-se de lançamento. Nada mais do que isso.
Agora, o Prefeito de Porto
Alegre, professoralmente, com voz clara, sonora e bonita, vai dizer que não
viu, que estava fazendo outra coisa. O Prefeito descumpre a Lei Orgânica. E eu
já trouxe aqui, na semana passada, um Pedido de Informação que já tinha 129
dias - hoje deve ter 136 dias. Mas não era o único. Existem outros Pedidos de
Informação que também não foram respondidos e que têm prazo razoável acima dos
45 dias. Tenho um outro, aqui, que pergunta sobre um servidor que trabalha em
Porto Alegre e em Santa Catarina ao mesmo tempo. E esse já tinha, na semana
passada, 69 dias e hoje completa 76 dias.
E é claro, quando a Lei Orgânica
diz que compete, privativamente, ao Prefeito responder, no prazo de 30 dias
prorrogáveis por mais 15 dias, os Pedidos de Informação da Câmara, é evidente,
é lógico, é sensato se pensar que, quando o Prefeito descumpre a Lei Orgânica,
que jurou cumprir no dia 1º de janeiro de 1997 nesta tribuna, no mínimo ele
deve ser advertido, como já ocorreu no passado. E aí a Bancada do PT há de
dizer que o Prefeito não pode ser responsabilizado e que o Ver. João Dib está
querendo criar problema para o Prefeito. Existem mais Pedidos de Informação
aqui, que também não foram respondidos. Tenho um do dia 19 de outubro que tem
mais de 100 dias.
Existem uma série de
solicitações que não foram respondidas, e eu acho que a Comissão de Justiça
deve examinar este desrespeito à Lei Orgânica e que também passa a ser um
desrespeito à Câmara Municipal, pois compete privativamente ao Prefeito, na
forma do artigo 94 da Lei Orgânica, responder em 30 dias, prorrogáveis por mais
15 dias, os Pedidos de Informação, e não foram respondidos. Eu acho que a
Comissão de Justiça no mínimo deve puxar as orelhas do Prefeito para que ele possa com urgência,
com decência e com correção, responder aquilo que é perguntado, até porque
falam muito em transparência. Eu estou preocupado, quando o Presidente desta
Casa, através de uma solicitação do Ver. João Carlos Nedel, pedia que
houvesse acesso aos computadores da
Prefeitura e a Prefeitura, parece-me, que está tendo alguma dificuldade em
fazer a transparência, mesmo porque o balancete do mês de dezembro também não
foi editado no Diário Oficial, na forma da Lei, até o dia 28 de janeiro e,
hoje, estamos no dia 04 de fevereiro. Sr. Presidente, saúde e paz também para o
Prefeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Aproveitando
que o Ver. João Dib falou nessa providência que estamos tomando, em virtude de
uma correspondência que recebemos do Ver. João Carlos Nedel, de tentarmos fazer
com que haja um acesso da rede de
informática do Executivo, pelo menos nas Secretarias da Fazenda e também da
Administração, houve aquiescência por parte do Prefeito e do Vice-Prefeito, mas
parece que está havendo uma dificuldade por parte da PROCEMPA, que ficou de dar
uma resposta esta semana. Vamos esperar
que a resposta seja positiva.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, muito especialmente os companheiros do PT. Há
alguns meses quando nós discutimos nesta Casa e, especialmente, a oposição
buscava alternativas para a questão da Pista de Eventos, e a intransigência do
Prefeito Raul Pont e do Executivo Municipal fazia com que se atropelasse todo o
processo de resistência do bairro Menino Deus. Eu alertava, e não era nenhum
exercício de futurologia, que a exemplo do que acontecera com o Parque, também
a Pista de Eventos do Menino Deus ia parar na Justiça. Parou na Justiça, e eu
acho que parou para valer. Parou na Justiça pelo motivo que
o Ver. João Dib e nós aqui apontamos da absoluta ilegalidade da localização
da pista, pois não veio para esta Casa um projeto de lei autorizativo.
Agora, o mais grave está na
Gazeta Mercantil da segunda-feira passada: "Professor da UFRGS acusa a
Prefeitura de substituir os conselheiros na Secretaria Municipal de Meio
Ambiente", no Conselho da
Secretaria, no COMAM, Vera. Clênia Maranhão, tirando aqueles conselheiros das
entidades porque votaram contra a Prefeitura e substituindo por conselheiros
favoráveis à Prefeitura. A Reitora Wrana Panizzi teve a dignidade de não só resistir à pressão do Prefeito Raul
Pont, mas de dizer certas coisas ao Prefeito, as quais, acho, ele estava
precisando ouvir.
Disputa política não se faz
nesses termos e, sobretudo, me parece um desrespeito às entidades que indicam
os seus representantes. Quando o relato que tenho, lamentável é a posição da
OAB, que se apressou, Vera. Clênia, a, imediatamente, substituir o seu
representante no Conselho. Então, colocou um companheiro novo que tratou de
abraçar todos os companheiros, para dizer: "Olha, estou aqui, o voto
muda".
A denúncia que está
formalizada pelo professor Sandor Aquino Grehs, indicado pela UFRGS, e que já me havia chegado aos ouvidos, na
semana passada, é grave, porque
identifica uma coisa que tem sido permanentemente denunciada aqui, nesta
Casa, contra a Administração Popular que é a maneira pela qual o Partido dos
Trabalhadores reage quando, na sua tão decantada democracia participativa,
alguém ousa pensar e, sobretudo, agir diferente.
O Ver. Adeli Sell deve
lembrar que, quando nós discutimos aqui Conselhos Tutelares, alguns
Conselheiros Tutelares disseram coisas contra o PT e a Administração, que nem
nós, da oposição, chegamos a expressar publicamente, da manipulação, da
cooptação e da pressão.
Também temos ouvido de
companheiros de Orçamento Participativo e de companheiros de PT, não é de
ninguém de oposição ou de outro partido, daqueles companheiros que acreditam,
de fato, no discurso que, infelizmente, não tem sido praticado pela
Administração ou pelos petistas que ocupam-na. E o Ver. Adeli Sell sabe muito
bem de algumas situações claras onde isto tem acontecido.
Pois agora, uma está vindo a
público. E não vem a público de um Zé
Ninguém, não vem a público de um pobre coitado da vila, que pode facilmente ser
desmentido... entendeu mal. Não, vem a público, na voz de um professor da
Universidade e na voz da reitora, contra a qual, aliás, a oposição desta Casa
não pode dizer nada; afinal, a reitora tem denunciado a política federal, a
política estadual, entendeu que as provas do vestibular foram muito bem feitas,
mas está agora claramente, resistindo a uma tentativa de pressão.
Eu quero deixar isso
registrado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, porque se a questão fosse outra,
por exemplo, se esta fosse uma denúncia contra o Governador Britto, eu imagino
o que a Bancada do PT na Assembléia “não” faria: de CPI para fora. Eu gostaria
de saber o que a Bancada do PT aqui da Casa vai fazer com essa denúncia formal
da Gazeta Mercantil, página três: "Professor acusa Prefeitura". E
mais: se outros conselheiros do COMAM tiverem coragem, farão a mesma denúncia,
porque também sofreram pressão. Pelo menos, a OAB aceitou a pressão e
substituiu o seu Conselheiro, lamentavelmente! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, eu quero abordar o tema trazido pelo
Ver. Antonio Hohlfeldt, pois as denúncias publicadas pela Gazeta Mercantil são
denúncias da maior gravidade. Esse assunto esta Casa discutiu por iniciativa
sua, por determinação de um conjunto de Vereadores, mas ele deveria ter sido discutido por uma decisão
política do próprio Executivo Municipal.
Além das denúncias trazidas
pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, nós poderíamos acrescentar uma série de outras
questões que estão sendo abordadas pelos próprios funcionários, pelos próprios
técnicos e especialistas nessa área ambiental, com relação às pressões que têm
sofrido e, também, com relação aos prazos dados pela Secretaria de Meio
Ambiente para a definição da comissão técnica que avalia o Projeto de Impacto
Ambiental.
Eu acho que esta discussão
da Pista de Eventos, que se arrasta há quase uma década na Capital de Porto
Alegre, infelizmente, trouxe consigo uma série de questões que temos, enquanto
Vereadores, que trazer à tona: a
questão do desrespeito às leis ambientais, o menosprezo à posição do
Legislativo da Cidade, a gravidade da denúncia de hoje, que demonstra um
autoritarismo enorme de uma gestão que se recusa a aceitar decisão dos
técnicos, dos ambientalistas e da comunidade.
Essa discussão ainda vai ser
muito longa. Espero que a discussão que façamos nesta Casa seja no sentido de
garantir que, em 1998, Porto Alegre possa ter a sua Pista de Eventos construída
em local adequado, respeitando os interesses das entidades carnavalescas e
culturais, respeitando a comunidade onde ela for inserida e, principalmente,
respeitando o princípio da economicidade; que ela seja instalada em local onde
não tenha que ser feita uma infra-estrutura enorme, simplesmente porque houve
uma determinação do Executivo para que ali a colocassem.
Quero trazer outro tema que
a Cidade de Porto Alegre vive hoje, uma questão superinteressante para a
Cidade, para os consumidores, não só da nossa Cidade, mas de outros municípios,
inclusive do MERCOSUL, que é o momento que Porto Alegre vive na sua área
comercial: o "Liquida Porto
Alegre".
É superimportante a
iniciativa dos setores que se somaram na construção do "Liquida Porto
Alegre" para atrair novas pessoas para a Cidade e incentivar a economia da
Cidade através das suas vendas.
Está aí um exemplo positivo,
onde os poderes se juntam à sociedade, às entidades empresariais, para buscar
um caminho de aumento do fluxo de pessoas e de vendas na Capital.
É uma experiência importante, porque participam o CDL, Prefeitura
Municipal, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, inclusive, o PROCON, na garantia dos direitos dos consumidores.
No ano passado, vimos que vários problemas aconteceram no decorrer do
"Liquida Porto Alegre", e acredito que a participação dos órgãos de
defesa do consumidor, como o PROCON, que
tem-se manifestado no sentido de orientar o consumidor sobre os seus direitos,
vão garantir uma tranqüilidade maior ao consumidor na compra dos seus produtos.
Porém acho importante reafirmar que as ações educativas, na área do consumidor,
têm que ser mais incentivadas, tendo em vista a ausência de um sistema
municipal de defesa do consumidor, que não foi implantado, apesar dos esforços
desta Casa. A defesa do consumidor, nessa ação, tem sido garantida através do
Sistema Estadual de Defesa do Consumidor. Esse trabalho tem mostrado aos
consumidores os seus direitos básicos, como, por exemplo, o direito de reclamar
a troca de um produto, mesmo ele estando em liquidação, e uma série de outras
informações que a imprensa está dando nesse processo.
Porto Alegre vive um momento importante não só pelo aumento das vendas
de produtos no comércio, mas também por essa experiência conjunta de unificação
dos esforços da Cidade. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PT ocupa esta tribuna no sentido
de repor o debate acerca da Pista de
Eventos, e dizer que não existe qualquer ingerência do Sr. Prefeito
Municipal ou do Secretario Municipal do Meio Ambiente no que trata da
composição do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Muito pelo contrário, a
tradição que já constituímos na Cidade é a da democratização das relações.
Determinados governos não têm, sequer, conselhos que funcionem, ouvindo a
sociedade. Ao contrário disso, desde os conselhos populares, desde o Conselho
do Orçamento Participativo até os conselhos temáticos, como na área da mulher,
da criança e do adolescente e na área do meio ambiente; como em tantas outras
áreas, como no próprio Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano, nós temos uma tradição constituída de trabalharmos,
ouvindo a sociedade.
Não temos ingerência,
portanto, como Prefeitura Municipal, na composição dos conselhos. Não se
esqueçam, por exemplo, que a Ordem dos Advogados do Brasil trocou, determinou,
através do voto dos advogados deste Estado, uma nova Direção, e que por dentro
da própria Ordem dos Advogados do Brasil estabeleceu-se uma nova representação
nesse conselho, como em tantos outros. Então não se surpreendam com as
modificações, elas dizem respeito as próprias entidades. O Ver. Antonio
Hohlfeldt ocupou esta tribuna e disse que a voz não vinha de um pobre coitado
de uma vila, mas de um professor. Para nós a voz de quem vem de uma vila e a
voz de um professor de universidade merecem igualmente ser ouvidas. É isso que
nos faz diferente, especialmente, porque se eu não quero chamar aqui de coitado
também o professor da universidade, quero registrar que há quatro anos sem
reajuste por responsabilidade do próprio governo, que tem aqui como
representante o Ver. Antonio Hohlfeldt. Como funcionários federais os
professores não são coitados, mas estão se transformando cada vez mais em
pessoas com profundas dificuldades de produzir e trabalhar.
Mas cabe, sim, ouvirmos as
críticas, analisarmos abertamente e vermos em que condições elas estão sendo
apresentadas. Temos suficientemente capacidade democrática de relacionamento
para ouvirmos as críticas do professor, do Ver. Antonio Hohlfeldt, rebatermos
aqui dizendo que a nossa trajetória nos assegura o respeito com os conselhos
populares e com os conselhos de toda espécie do Município de Porto Alegre.
Mas dizendo que temos
certeza que estamos encaminhando o melhor para Porto Alegre quanto a questão da
Pista de Evento. Quero dizer aos Senhores, e nós não estamos dizendo isso
porque é véspera de carnaval, estamos dizendo porque sabemos que existe
uma mobilização permanente da Cidade de
Porto Alegre, que não ocorre no carnaval, mas que ocorre no 20 de setembro, que
ocorre nas Paradas da Mocidade que precisam voltar a esta Cidade; que ocorre
nos momentos da cultura, do esporte. E que esse equipamento é um equipamento de
lazer dentro de um parque, é isso que está sendo proposto. Apontem os Senhores
que são críticos dessa proposta onde estamos ferindo o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano? Ao contrário, não estamos ferindo o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano, estamos desenvolvendo, estamos apresentando um Projeto claro para a Cidade. Não estamos
absolutamente fazendo política no sentido do
enfrentamento entre projetos. Aqui não é o enfrentamento entre projetos,
não é a Prefeitura de Porto Alegre e a crítica ao Governo do Estado, em que
pesem alguns segmentos nesta Câmara e na sociedade tentarem instrumentalizar
todos os debates de Porto Alegre, ideologizarem todos os debates em Porto
Alegre, estabelecerem a participação e a pauta
política da contradição entre as políticas do Estado e do Município, em
todos os debates e aqui mais uma vez na Pista de Eventos. Foi isso que
determinados Vereadores, permitam dizer, fizeram em final de 1997. A
proposta que os Senhores apresentaram
nada tinha de original. Esta Câmara se debruçou, tendo como Presidente o Ver.
Milton Zuanazzi e o Ver. Luiz Braz como Relator, em cima deste tema. Este tema
já foi exaustivamente debatido. Não estamos ferindo o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano. Estamos dentro da legalidade do que é possível ao Poder
Executivo, mas, mais do que isso, estamos dentro dos princípios de relação
democrática que estabelecemos com a sociedade. Não se pode dar as costas a
segmentos importantes da sociedade que se mobilizam em torno dos nativistas, em
torno dos carnavalescos, em torno da cultura popular e - por que não dizer? -
precisamos rever as chamadas paradas da mocidade.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o tema que eu gostaria de debater nesta tribuna tem relação com o
caminho que estamos encontrando no Município para uma negociação justa para
Porto Alegre, mesmo com essa pressão que
o Estado está fazendo sobre a questão das multas de trânsito. Não foi
possível hoje, mas quem sabe voltaremos a um debate que interessa a Cidade como
a Pista de Eventos, a legalidade e a democracia. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC
AINHORN:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de deixar clara a posição, eu tenho
reiterado isso, da aliança, que acha-se em desdobramento, dos partidos que
buscam uma outra alternativa para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Não quer
dizer necessariamente que deixaremos de abordar de forma crítica, construtiva e
oposicionista as questões que dizem respeito à administração da Cidade de Porto
Alegre. Aliás, o modelo de sistema que aí está, que desemprega, que ameaça a
magistratura, tem a nossa oposição; e não só oposição de partidos políticos.
Gostaria de fazer o registro dos importantes pronunciamentos havidos por
ocasião da posse do Presidente de um dos Poderes deste Estado, o Desembargador
Cacildo de Andrade Xavier, numa
manifestação de autonomia e independência do Poder Judiciário e, ao final da
tarde, os importantes e históricos pronunciamentos ocorridos, por ocasião da
láurea concedida ao Deputado Federal Jarbas Lima, como sócio honorário da
Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, num reconhecimento ao seu trabalho,
pelo respeito à cidadania e aos direitos constitucionais, largamente ameaçados,
sobretudo em relação às medidas provisórias
usadas pelo governo da União.
A oposição tem que ter
sensibilidade para compreender. Sr. Presidente, que este leque deve ser o mais
abrangente possível, inclusive dos trabalhistas que estão abrigados na sigla do
PTB e que, tenho certeza, divergem da orientação estadual e nacional de
acoplamento aos governos que negam Getúlio Vargas. Eu tenho certeza de que esse
é o sentimento que predomina nas lideranças vivas e enraizadas do próprio PTB,
que divergem desse apoio ao modelo que nega Getúlio, que nega Jango, que nega
Pasqualini e a tantos ideólogos do trabalhismo. É isso que temos que resgatar, e que eu guardo com convicção
resgatarmos, porque tenho conversado com os verdadeiros trabalhistas que lá se
encontram. A oposição deve ser um leque, o mais abrangente possível. Não tem
que ser uma frente de esquerda; tem que ser uma frente de oposição ao modelo
neoliberal que aí se encontra, seja em nível estadual, seja em nível federal.
Agora, retorno à brevidade
que o tempo me permite e faço uma consideração rápida sobre a Pista de Eventos.
Quem disse, Sr. Presidente, que há ilegalidade? E vários Vereadores e o
movimento comunitário já denunciaram que havia a violação da lei no que tange à
proposta da Pista de Eventos. Evidente que o Ministério Público não agiria
partidariamente, muito menos agiria contra a Prefeitura, com a qual tem
inúmeras parcerias; mas, no respeito à lei e a sua fiscalização, o Ministério
Público agiu. Certamente, aquilo que os juristas denominam de "fumaça do
bom direito" deveria ali existir, sei que o Ministério Público não agiria
de forma leviana, pois sua história tem sido responsável. E mais, Sr.
Presidente, o Juiz de uma das Varas da Fazenda Pública concedeu a liminar de
suspensão das atividades da implantação da Pista de Eventos. E a Procuradoria
Geral do Município tenta, sob todas as formas, revogar a medida liminar, mas
não conseguiu até este momento. Se tivesse conseguido, certamente já teria
propagado aos quatro cantos da Cidade e do Estado, que tinha derrubado a
liminar e que a Pista de Eventos já era uma realidade.
Para finalizar, gostaria de
dizer que o que eu consigo observar de tudo isso é a grande indagação: por que
a Prefeitura escolhe sempre lugares altamente polêmicos para colocar esse
equipamento, quando existe, onde o então Prefeito Collares colocou a pedra
fundamental, na Augusto de Carvalho, um local extraordinário, ideal? Governador
se dispõe a doar uma parte da área necessária para que haja mais profundidade,
maior dimensão, comprimento na Pista de Eventos!
Portanto, nós temos que
somar esforços, mesmo na divergência dos poderes, nas proposições políticas
existentes dentro do Governo do Estado e do Município.
Agradeço a benevolência de
V. Exa., Sr. Presidente, que compreendeu a minha aflição em encerrar o meu
raciocínio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Convido
o Sr. Vice-Presidente Ver. Clovis Ilgenfritz para assumir a Presidência para
podermos usar o tempo de Comunicação de Líder, com a aquiescência do Ver.
Eliseu Sabino e do Ver. Paulo Brum.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Luiz Braz
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu só poderia utilizar o tempo de Presidência se
fosse para falar sobre assuntos atinentes à administração da Casa. Como quero
falar sobre assuntos ligados ao meu Partido, eu tenho que utilizar a Comunicação de Líder e, por isso,
agradeço aos Vereadores da minha Bancada que me concederam o privilégio de
falar em Comunicação de Líder pelo PTB.
Para dar uma resposta ao
Ver. Isaac Ainhorn que ocupou esta tribuna fazendo uma crítica ao PTB e ao seu
posicionamento em nível estadual. O Ver. Isaac Ainhorn terá uma certa
dificuldade em continuar fazendo críticas, por exemplo, contra a Pista de
Eventos, já que o seu partido está de mãos dadas com aquele partido que
atualmente administra a nossa Cidade; e que marcha exatamente para oprimir a
população do Menino Deus, fazendo com que aquela população se curve a vontade
do Executivo, que estará ajudado pelo PDT para
fazer com que, naquela Região do Menino Deus, contra a vontade daquela
população, se dê a instalação da Pista de Eventos. Esse é o PDT. E ouço o Ver.
Isaac Ainhorn dizer que ele quer que o nosso Partido não esteja ligado aos
partidos que estão contra as idéias de
Getúlio Vargas. Ora, Ver. Pedro Américo Leal, V. Exa. quer mais idéias
contrárias a Getúlio Vargas do que o Partido que está aí atualmente ligado com
o PDT para conquistar o Governo do Brasil e do Rio Grande do Sul! Não acredito
que o Ver. Isaac Ainhorn desconheça a história a tal ponto para dizer que o PT
tem alguma ligação com o getulismo, alguma admiração pelo getulismo, ou
que ele não acompanhou a evolução do
PT, desde o nascimento até agora para ver quantas contrariedades foram colocadas à vida de Getúlio Vargas, exatamente pelo PT. Acredito que os trabalhistas estão muito bem
situados dentro do PTB, eles estão fazendo exatamente a linha que deve ser
seguida para que o trabalhismo possa vicejar em nosso País, em nosso Estado e
em nossa Cidade. Esse comportamento dos nossos companheiros que estão em outras siglas, que também
defendem o trabalhismo, estão-se
entregando para idéias completamente diferentes, divorciadas do trabalhismo.
Acredito que estariam, a essas alturas dos acontecimentos, fazendo melhor papel
e fortalecendo mais o trabalhismo se estivessem unidos nessa vertente
trabalhista, que procura fazer um trabalho muito difícil, mas que está fazendo
com que este PTB, que foi criticado aqui, esteja em fase de crescimento e de
reconhecimento público, a tal ponto de nos transformarmos, em Porto Alegre, no
segundo maior partido existente na Capital. Vamos comprovar agora, nas eleições
estaduais, que também estamos crescendo de maneira muito boa em todo o Estado.
É esse PTB que nós queremos ver abrigando todos os trabalhistas. Não em outras
siglas, as quais atualmente estão fazendo com que, de mãos dadas, possam ser
fortalecidos outros regimes, aliás, derrotados em outras regiões do mundo, e
que agora procuram nos submeter àquelas ideologias que já foram testadas e
derrotadas em outras partes do mundo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Havendo
quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
(Obs.: Foi aprovado
Requerimento constante da Ata.)
Passamos às
COMUNICAÇÕES
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, como Presidente da Comissão de Economia Finanças
e Orçamento desta Casa eu não poderia, nesta data, me furtar de discutir um
tema de primeira importância para Porto Alegre, que é o segundo “Liquida Porto
Alegre”. No ano passado, nós sabemos que houve até algumas críticas, algumas
empresas que não cumpriram rigorosamente o acordo feito na CDL, no SPC no
tocante às determinações de descontos. Nós temos instituições que devem cuidar
dessa questão. Espero que o PROCON cumpra essa função e que nós não nos
preocupemos, como cidadãos, com a honorabilidade dos comerciantes, que nós nos
preocupemos, sim, aqui, hoje, fundamentalmente, com o espírito dessa campanha.
Eu acredito muito em campanhas, eu aposto em campanhas porque isso faz com que
haja entrosamento, haja solidariedade entre as pessoas para atingir a um objetivo
comum. Nós sabemos que aquilo que temos
muitas vezes que adquirir em nossas casas, para o nosso vestuário, para o nosso
dia a dia é muito caro e nós, nesse mês de fevereiro, em Porto Alegre, do dia 3
a 21, temos essa grande oportunidade de obtermos variados descontos naquilo que
comprarmos. Também isso significa uma tentativa de trazermos pessoas de fora
para a Cidade.
Portanto, quando a EPATUR -
Empresa Porto-Alegrense de Turismo - junto com a CDL e outras organizações
chamam as pessoas de outras localidades para virem a Porto Alegre, estamos
implementando o que eu acredito que será um dos temas mais discutidos, mais
debatidos e de primeira grandeza para o desenvolvimento de Porto Alegre, que é
o turismo. Também nossos hotéis, 15 instituições, segundo os informes dos
jornais de hoje, já aderiram a descontos generosos nos finais de semana, mas é
claro que ainda faltam ainda algumas coisas. Eu, por exemplo, na sexta-feira,
terei uma audiência com a EPATUR e com a Secretaria de Cultura, quando colocarei
aos meus companheiros de Partido, aos meus companheiros de Governo que, ainda
neste período, possamos fazer mais do que já estamos fazendo, agregarmo-nos a
esta campanha do comércio.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Desejo expressar a V. Exa. os
cumprimentos pela manifestação que faz
em função de um processo que busca acelerar o desenvolvimento do turismo na
Cidade de Porto Alegre. A exemplo de iniciativas como essas, a exemplo do
segundo "Liquida Porto Alegre", em que Prefeitura Municipal de Porto
Alegre acha-se integrada, estive presente, junto com o Prefeito Raul Pont, na
solenidade de instalação desse processo
de divulgação, de mobilização e de incremento ao turismo. Digo mais, o fato de
não ter havido o aumento do IPTU acima da inflação, com a decisão deste
Legislativo Municipal, e a possibilidade com a Lei Complementar nº 7, dos idos
de 70, de permitir um desconto de 20% para quem tem condições de pagar o
Imposto à vista, revela a integração da Cidade, de forma plena, ao segundo
"Liquida Porto Alegre". Muito obrigado.
O SR. ADELI
SELL: Nós
queremos que, cada vez mais, neste período, haja atividades comuns entre os
vários organismos do Poder Público Municipal. Esperamos que, da mesma forma, a
Secretaria de Turismo do Estado e as outras Secretarias, num trabalho de
irmãos, possam trazer cada vez mais turistas para Porto Alegre, porque isso
fará com que tenhamos um desenvolvimento pleno da vinda de pessoas do MERCOSUL
para a nossa Cidade.
Temos que combinar, a cada
período do ano, atividades como esta do segundo "Liquida Porto Alegre".
Tenho certeza, minha Líder
Maria do Rosário, de que no mês de março, durante as comemorações do
aniversário de Porto Alegre, quando teremos inúmeras atividades culturais,
programadas pela nossa Secretária Margareth Moraes, na área do esporte, da
cultura, do lazer, teremos também uma nova e forte atração de pessoas de fora
para a Capital dos gaúchos.
Este é o momento de receber
não só, com a grandeza que nós porto-alegrenses recebemos, os de fora, mas
também é o momento de uma convivência maior entre os moradores de Porto Alegre,
para conhecermos o que há de bonito e bom em nossa Cidade.
Ontem, recebi um grupo de
pessoas que participam do Fórum de Ecoturismo, que trata de colocar para a
nossa Cidade, para o Rio Grande e para o Cone Sul o que é o Delta do Jacuí.
Infelizmente, às vezes, não conhecemos bem a nossa
Capital. Temos certeza de que seríamos excelentes cicerones para os que vêm de
fora para apresentar a beleza dos nossos morros, a beleza da Zona Sul da nossa
Cidade, a beleza do Guaíba.
Acredito que o "Liquida
Porto Alegre" é um momento
importante para este mês chamado de
baixa temporada.
Que o nosso carnaval seja
cada vez mais atraente, não apenas o carnaval da passarela, aqui na Augusto de
Carvalho, mas, também, o nosso carnaval
da periferia, das muambas, das ruas, com a descentralização cultural que
estamos praticando. Que no mês de março, durante a Semana de Porto Alegre,
tenhamos um novo momento, e a
Prefeitura Municipal através da coordenação da música já me garantiu
que, não sendo possível realizar a Feira do Disco em março, começaríamos a
nossa primeira Feira do Disco no mês de maio. Tenho certeza de que será outro
momento de grande atração de pessoas, porque sabemos o que significa a música
para as pessoas, haja vista as grandes manifestações culturais que a nossa
juventude, tão emotivamente, participou nesses últimos dias com os grandes
"shows" da Banda U2, no Rio de Janeiro e em São Paulo e, também, o nosso
Planeta Atlântida que neste final de semana, mesmo com chuva, aplaudiu a nossa
música e a nossa cultura.
Que nós sejamos um Estado
referência, um Estado que marque não só para todo o Continente Latino
Americano, mas, especialmente, para o Cone Sul, a nossa presença. A Capital que
irradia, mas a Capital que também atrai. Por isso que eu acredito em Porto
Alegre. Acredito em nosso espírito empreendedor. Acredito, fundamentalmente, na
criação, nas raízes que a Cidade tem na área de esporte, na área da cultura e
do lazer.
Gostaria de dizer que no ano
de 1998, se depender deste Vereador Presidente da Comissão de Economia,
Finanças e Orçamento, teremos grandes debates, grandes atividades sobre o
desenvolvimento de Porto Alegre. Porto Alegre não há de falhar com o Estado do
Rio Grande do Sul e nós não haveremos de falhar em Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nós
entendemos que muitas pessoas, neste período, pensam que a Câmara fica
parada, no entanto este é um período
importantíssimo, um período de reflexão e de maior espaço para a discussão
política, que é o fundamento da nossa participação em nome da população que nos elegeu. O fundamento
político - o que nos traz a esta Casa -, a visão programática, ideológica,
partidária, a capacidade de cada um de
exercer um mandato com espírito
público, com uma visão maior que as suas estreitas fronteiras individuais, são
debatidas nas Comissões chamadas representativas. Essas reuniões nos dão a
oportunidade de ... durante o ano, um
Vereador que não exerce a Liderança, ou
que não está em alguma posição, tem maiores restrições de tempo pelo próprio
Regimento. Aproveito este momento, mais
uma vez, para dizer que as questões
colocadas pelo Ver. Isaac Ainhorn e depois,
de certa forma, contestadas pelo Ver. Luiz Braz, colocam-se num patamar fundamental para o ano de 1998. Todos os homens e mulheres
deste mundo são políticos, alguns não exercem a política e tem até a condição
de se vangloriar que não são políticos,
como se a política fosse uma coisa
feia. Ao contrário, a política é o
exercício da cidadania, quem faz política, exerce a sua cidadania e quem não o
faz, sofre a política dos outros. Eu
acho que a política nos mostra que, em
1998, estaremos num enfrentamento, num
desafio gigantesco: ou continuamos com um País que está sendo doado aos grandes
capitais supranacionais, em especial americanos, alguns europeus e mesmo
asiáticos, ou o Brasil faz a reforma tributária, faz a reforma agrária, investe
na reforma urbana, no saneamento e na habitação. Investe, como deveria estar
investindo, na saúde pública, no ensino público e gratuito para todos os brasileiros,
ou o Brasil vai continuar fazendo o que faz com os grandes recursos da sétima
potência do mundo em termos de Produto Interno Bruto. Temos uma das melhores
arrecadações “per capita” - só que
esse “per capita” não é distribuído,
apenas é feita a conta: existem 130 milhões de brasileiros, o PIB é tal e
arrecadação “per capita” é tal. Só
que tem que dizer para o povo que 80% estão fora desse processo, num limite de
pobreza ou até de indigência. Como disse o nosso grande Prêmio Nobel da Paz,
Adolfo Esquivel, não existem só as populações marginalizadas, existem também as
populações descartáveis. E criminosamente - eu repito - criminosamente, os
governos sabem que está acontecendo morte por doença, morte por falta de
emprego, morte por fome, pois a miséria está reinando.
Ontem todo o Brasil ficou
perplexo porque uma pessoa nos Estados Unidos foi condenada à morte, o que eu
também acho uma monstruosidade. Mas o Brasil? As manchetes estão voltadas para
o fato de que uma pessoa que cometeu um crime hediondo ter sido condenada à
morte. E no Brasil, diariamente, as pessoas são condenadas à morte e ninguém
faz nada. Ainda tem um grande percentual que pensa que Fernando Henrique
Cardoso está fazendo um grande governo.
Então, eu trago a este
Plenário a nossa posição de que é importante discutir o trabalhismo, discutir o
que foi realmente o PTB, de Pasqualini, de Getúlio Vargas, de João Goulart, e o
que é o PTB de hoje. Nós sabemos que muitos petebistas estão verdadeiramente
integrados nesse partido pelas idéias de Pasqualini. Mas uma maioria, que
domina o partido lá no Centro do País, no Congresso Nacional e na Assembléia
Legislativa do Estado, está ligada a outros setores que não têm nada a ver com
as idéias de Pasqualini, de Getúlio Vargas, de Paulo Freire, de Darcy Ribeiro,
ou mais recentemente, de um dos nossos heróis nacionais, pessoas que lutaram
pelo Brasil, alguns já foram, outros estão entre nós, mas fizeram com que
a história mostrasse a diferença entre o antigo PTB e o atual PTB. O
trabalhismo que se procura restabelecer no País, através dessa aliança do PT
com o PDT, com o PSB, com o PCdoB e com outros partidos, é o verdadeiro
trabalhismo, porque busca representar as idéias que consagraram algumas
vantagens e conquistas dos
trabalhadores que, hoje, estão sendo retiradas. Como - diga-se de passagem -
mais uma foi retirada, agora, pelo Congresso Nacional, cuja maioria são
seguidores do Governo, com a aprovação do contrato temporário de trabalho,
outras serão retiradas pela reforma da presidência, que só pensa em tirar conquistas já consagradas de setores da
sociedade.
Eu gostaria de colocar, Srs.
Vereadores, que a grande aliança que se está construindo no País, não só em
nível nacional, como nos Estados - Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Brasília, Ceará, Mato Grosso, Alagoas -, vai consagrar o maior leque de
alianças dos partidos que têm identidade com a população que está sofrendo com
os efeitos do neoliberalismo. O que nós estamos propondo é que esta Casa, assim
como a sociedade em geral, aprofunde a discussão para ver a diferença que
existe entre a proposta neoliberal, colocada em prática de cima para baixo e de
uma forma ditatorial pelo Governo Fernando Henrique, seguido, aqui, pelo seu
assecla o Governador Britto, que é um seguidor servil que não luta pelo Estado.
Está aqui o Estado perdendo R$ 400 milhões com o FEF e com a Lei Kandir. E ele
anda de chapéu na mão, com medo, cheio de vergonha, pedindo ao Governo Federal
que não faça isso, quando o governador
do Rio Grande devia reagir, junto com todos os Prefeitos do Rio Grande do Sul
que estão vendo suas Prefeituras falirem. Mas ele fica parado, dando recados
pela imprensa, gastando milhões em promoção, dando dinheiro para as
multinacionais, assim como o Governo Federal dá dinheiro para o PROER, para
salvar o sistema financeiro, e está agora dando dinheiro para salvar o câmbio.
Hoje, nos jornais, está
sendo mostrado que o Brasil teve um prejuízo enorme na última queda da bolsa,
no outro lado do mundo, e esse acréscimo de 35% a 40% de prejuízo no saldo vai
fazer, mais uma vez, com que bilhões de reais sejam depositados no Banco
Central.
Acho que vai ser um ano
muito importante, de uma discussão em que a população do bairro, em que os
estudantes deste País, os jovens que precisam
saber o que vai acontecer amanhã, vão se engajar nos setores
partidários, sindicais, comunitários, para tentar tirar o Brasil da situação
de país subserviente, de um país
entregue ao grande capital, de um país que está, hoje, preferindo salvar os
grandes empresários das multinacionais, em detrimento da agricultura
brasileira, em detrimento dos pequenos e médios produtores agrícolas e dos
produtores urbanos, na quebraçada incrível que está havendo da empresa
nacional.
Realmente, temos que saber o que significa o trabalhismo,
o que significa a proposta que o PT vem trazendo desde 1979, que é a
recuperação do processo de soberania nacional, que é a recuperação da dignidade
dos homens e mulheres deste País perante o conserto das nações.
Não adianta o Presidente
sair por aí, sabendo falar duas, três, quatro
línguas, fazendo seu
proselitismo e exercendo seu narcisismo. O que nós precisamos é de um
presidente que governe para a maioria do povo brasileiro! É por isso que nós
estamos nesta aliança com Lula e Brizola: para vencer todo esse processo
demagógico que hoje está sendo colocado para cima dos brasileiros.
Contra a fome, contra a
miséria, pela dignificação da vida, nós
haveremos de construir essa proposta em todo o País e vencer para, depois,
mostrar como se faz uma verdadeira democracia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. João Dib
está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Distribuir balas é uma das coisas boas que fazemos
na vida, os amigos ficam mais suaves e mais dóceis às vezes. Eu não poderia, de
forma nenhuma, deixar de oferecer balas para o filho da Dona Odila.
As balas de 38, como diz o
Ver. Pedro Américo Leal, eu as utilizo, simbolicamente, para levantar os problemas
da Cidade, para buscar-lhes solução.
É claro que, às vezes,
criticado, dizendo que um homem da responsabilidade do Ver. João Dib não pode
fazer esta ou aquela afirmação.
Agora, o Vereador que me
antecedeu, não hesitou em chamar o Governador Britto, Governador de todos os
rio-grandenses, de assecla de Fernando Henrique. Eu já o vi ser chamado de chantagista. Claro que sou
mais comedido e não faço esse tipo de agressão.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu imaginava que o Ver. João
Dib, tal qual este Vereador, tivesse aderido à campanha pela paz, pelo
desarmamento, mas não é isso que estou vendo.
O SR. JOÃO
DIB: Nobre
Ver. Adeli Sell, eu sempre digo "saúde e paz" ao término do meu
pronunciamento, e o faço do fundo do coração. Sou um homem que acredita que
somente a paz há de resolver os problemas do mundo. Não entendo as pessoas que
fabricam armas, que, sendo em número limitado, dominam o mundo e fazem com que
haja fome, miséria, doença, falta de cultura e falta de habitação. Se o
dinheiro da guerra fosse usado na paz, todos os homens seriam felizes ou, pelo
menos, teriam oportunidade de serem felizes, porque felicidade depende de uma
série de outros fatores. Mas a paz está presente no meu coração sempre.
No dia cinco de janeiro,
quando o Presidente e a Mesa eram empossados, e estava aqui o Prefeito Raul
Pont, eu dizia que a construção da Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil
era absolutamente ilegal. Eu dizia que o Proc. nº 05/95, que continua nesta
Casa, pedia uma solução alternativa à
edificação da Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil. Foi pedido em 95 e em 97. A Lei Orgânica não
havia mudado. As condições eram as mesmas. Pois o Prefeito, teimosamente,
tentava impor a solução lá no Parque Marinha do Brasil. Mas a Justiça lhe disse
"não". E não se diga que foi somente por uma liminar, porque com uma
liminar, também em 95, o Prefeito tomou o salário dos municipários já
conquistado, retroagindo a liminar do dia 23 de maio para o dia 30 de abril.
Tomou o dinheiro dos municipários! A Justiça já mostrou que a liminar não
valeu, foi derrubada no mérito, mas o Prefeito continua recorrendo para não
pagar o dinheiro dos trabalhadores. E ele é do Partido dos Trabalhadores!
Eu penso que, nessa história
da Pista de Eventos, a Prefeitura não deseja construí-la, absolutamente, não! É
preferível fazer aquilo que vem fazendo: culpar a Câmara Municipal por ela não
acontecer.
Eu sou um homem ligado aos
problemas do Município e me preocupo com eles. No dia 24 de outubro, eu
perguntava, em função de uma declaração do “Jornal Porto Alegre”, agora editado
com 70 mil exemplares pela Prefeitura, em cores, que informava que a Pista de
Eventos - na página 11 - custou mais ou menos R$ 1.500.000,00. Eu queria saber como? E a Prefeitura, mais
uma vez, não respondeu a mais um Pedido de Informações, agora com 65 dias de
atraso. Hoje, entrei com outro Pedido de Informações. Porque li e já falei
desta tribuna que a Secretaria de Cultura está passando para a Associação das
Entidades Recreativas, Culturais e Carnavalescas de Porto Alegre R$
1.733.582,00, para que essa entidade, que não é pública, que é privada, faça o
trabalho que deveria ser feito pela Prefeitura, de comercialização do Carnaval
de rua, abrangendo todas as manifestações tradicionais. E o faz, segundo a
Secretaria de Cultura, amparada no art. 116 da lei 866, que é a Lei das
Licitações.
Se fosse cumprida a Lei das
Licitações, este Vereador não precisava vir à tribuna dizer que é um vexame
criar uma Secretaria, tirar atividades que eram da EPATUR, que faria por muito
menos que este R$1.700.000,00. Tira-se essa atividade, dá-se à Secretaria da Cultura. Por que a
Secretaria, por que a máquina administrativa
não pode fazer, tem que entregar à Secretaria da Cultura?
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Como só existe uma entidade
que representa o conjunto das escolas e temos um Carnaval unificado na Cidade,
não lhe parece correto que a Prefeitura repasse para esse Carnaval, para essa
entidade esse dinheiro? Todos somos favoráveis a esta festa popular.
O SR. JOÃO
DIB: Ao Carnaval, os 33 Vereadores são favoráveis,
à forma como a Prefeitura administra o Carnaval, há contrariedade, pelo menos,
da maioria.
Por isso, eu dizia: a
Prefeitura não quer fazer a Pista de Eventos. Como, se fizer a Pista de
Eventos, vai fornecer R$ 1.700.000,00
para a Associação das Escolas?
Diz a Secretaria que é na
forma do art. 116 da Lei das Licitações, mas esse artigo não foi cumprido,
porque precisa de uma série de fatos para que ele seja válido: (Lê.)
"Aplique-se as disposições desta lei, no que couber, a convênios e a
outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração". Até aí tudo muito certo, e foi o que aconteceu com o convênio,
mas ele coloca condições, que "a
celebração do convênio, acordo ou ajustes pelos órgãos ou entidades da
Administração Pública depende de prévia aprovação do competente plano de
trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no
mínimo, as seguintes informações: identificação do objeto a ser executado,
metas a serem atingidas, etapas ou fases de execução, plano de aplicação dos
recursos financeiros, cronograma do desembolso". E mais, no § 2º,
"assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo
à Câmara Municipal". O edital do extrato de convênio se fez no dia 26 de
dezembro, e acho que a partir daí ele valeria, mas o prazo é 23 de dezembro,
antes da assinatura do contrato; de 23 de dezembro até 18 de março. Então, não vou entender, se
crio uma estrutura pesada e cara, numa Administração de Cultura, que se pegue,
talvez, a maior parte da sua verba para entregar a uma associação que é
absolutamente privada, que estabelece as condições que quer e esta Casa não
toma conhecimento.
Se me tivesse sido
respondido o Pedido de Informação que fiz em outubro do ano passado, talvez eu
não estivesse nesta tribuna fazendo perguntas e, certamente, eu não teria que
fazer um novo Pedido de Informação para que, agora, se cumpra a Lei das
Licitações de forma integral, isto é, dando ciência à Casa, o que não foi
feito. Eu já disse isso desta tribuna e não deveria falar pela segunda vez,
pois era obrigação da Bancada do PT e da Assessoria do Prefeito, que aqui está,
trazer-me a resposta.
Terei que voltar, sempre, a
esses assuntos da municipalidade, e por isso me ouvem, raramente, falando dos
problemas do Estado ou da União.
Eu quero paz, Ver. Adeli
Sell; paz permanente. Paz traz
progresso, traz saúde e educação, e traz todas aquelas boas coisas que
desejamos para os nossos semelhantes. É por isso, Ver. Adeli Sell, que digo,
inclusive à Secretária Margareth Moraes: saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ADELI
SELL (Requerimento): Sr. Presidente, se houver a anuência do Ver. João Dib, eu gostaria de
requerer cópia do seu pronunciamento, que passarei a Secretária Margareth
Moraes, até porque eu tenho uma audiência com ela esta semana. Vou tentar responder às questões aqui levantadas.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. Adeli Sell, o Requerimento está
autorizado, conforme manifestação do próprio autor, Ver. João Dib.
O Ver. Juarez Pinheiro está
com a palavra em Comunicações.
O SR JUAREZ
PINHEIRO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. A minha primeira intervenção, foi no sentido de
discutir a questão do Plano Real, que considero uma discussão fundamental,
prioritária em qualquer parlamento, seja Municipal, Estadual ou no próprio
Congresso Nacional. Quero nesse sentido fazer duas referências aqui. A primeira
ao Ver. Pedro Américo Leal, que também já foi um brilhante Deputado na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, por mais de uma legislatura, que tem dado ênfase por
diversas vezes nesta Casa essa importante discussão. Vejo que se fazem ouvidos
moucos, e na verdade não se questiona, não se critica, apenas a Casa ouve os
belos discursos, e profundos discursos, do Ver. Pedro Américo Leal, que é um
Vereador completamente insuspeito, que senta ao lado do Vereador Líder da
Bancada do PPB e que tem uma trajetória diferenciada dessas questões. E o Ver.
Pedro Américo Leal, de forma corajosa,
com a inteligência que o caracteriza, tem muito bem colocado esses temas. Quero
também, preliminarmente, chamar a atenção de um economista alemão Kurtz, que
tem feito editais econômicos na "Folha de São Paulo", ele é um estudioso da questão
econômico-brasileira. E neste momento se encontra também na Suíça, no Fórum
Econômico Mundial. Esse economista renomado, sério, há muito vem colocando as
dificuldades e apontando que, na verdade, o Brasil não possui nenhum plano
econômico, e faz duras críticas ao Plano Real. Esse encontro que se realiza na
Suíça, que tem vários economistas famosos, megaespeculadores participando, como
Jorge Soros, que no primeiro encontro do fórum também realizado em Davis, no
ano passado, já chamava a atenção para
o número de excluídos que o modelo neoliberal está levando em todo o mundo, ele
volta a fazer comentários a essa questão.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu aproveito a
oportunidade para citar que o próprio Jorge Soros, que é um megaespeculador, e
que é hoje em dia consultor de várias nações, alerta o mundo sobre a
globalização e o liberalismo e o Papa colocou as mesmas cautelas. Cuidado onde
vai esse capital volátil, esse capital incontrolável. E o próprio Fernando
Henrique Cardoso anda pelo mundo afora pregando que alguém coloque uma
fiscalização nesse dinheiro que está acima de qualquer nação. Nós estamos
completamente patetas, hipnotizados com essa loucura. Eu faço esse aparte ao
pronunciamento de V. Exa. para incentivá-lo.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO:
Realmente a sua intervenção abrilhanta o meu pronunciamento e coloca nele mais
luzes devido a profundidade com que V. Exa. vem tratando este tema. V. Exa. não
é do PT, é membro do Partido Progressista Brasileiro, portanto, completamente
insuspeito. V. Exa. é um cidadão brasileiro que está conseguindo superar os
meandros partidários enxergando mais longe, voando mais alto e vendo a que está
sendo levado este País.
“A Folha de São Paulo”, na
edição de sexta-feira, 30 de janeiro, na coluna de Clóvis Rossi, que é um
articulista importante do jornalismo brasileiro, com o título de "Real cai em seis meses, diz
banqueiro", diz: " Dentro de mais ou menos seis meses, quando sentir os
efeitos de uma 'segunda onda' da crise asiática, o Brasil não poderá fazer
quase nada para evitar a desvalorização de sua moeda. A previsão de um
especialista que está no olho do furacão, o canadense Kenneth Courtis,
economista e estrategista-chefe do Deutsche Bank para a região Ásia Pacífico,
com base em Tóquio. Razão da previsão: o governo brasileiro fez o que podia, em
outubro e novembro, ao dobrar a taxa de juros e lançar um pacote de ajuste
fiscal. Mas não há muito mais o que possa fazer, ante o que Courtis chama de
“deterioração de sua conta corrente”.
Conta-corrente, todos os Vereadores sabem, ela tem basicamente três
meandros, os “royalties” pagos a marcas produzidas no país. Há dólares que os
companheiros que viajam deixam no exterior e, principalmente, a balança
comercial que desde 1994 só apresenta déficit em cima de déficit. São quatro
milhões, conforme aponta o Ver. Pedro Américo Leal. Reforçou o economista
norte-americano Rudiger Dornbusch, do legendário MIT (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts): “quando você tem uma moeda sobrevalorizada em 15%, como é o
caso do real, é por aí que te pegam”.
O Sr. João
Dib: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Juarez
Pinheiro, é bom que se lembre que o problema da balança comercial, em dólares,
deve-se em grande parte, ao hoje candidato Cyro Gomes, que desequilibrou a
balança comercial do Brasil que ia muito bem.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: V.
Exa. Ver. Pedro Américo Leal, quer dizer que comete um engano. Mas o engano que
V. Exa. comete não é só, apesar de seu brilho e inteligência, um engano que
fique de forma isolada. Esse é o engano da maioria, até da intelectualidade
brasileira, do mundo político brasileiro, e que não se dá conta que esse plano
que está aí não foi feito por Cyro Gomes, não foi feito por Fernando Henrique
Cardoso, que esse plano que está aí foi uma receita ao que Brasil foi submetido
através dos organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário
Internacional. Então, a sua alegação de que foi o candidato do Partido Popular
Socialista, que não é o Partido que pertenço, e que, pelo visto, pelas suas
colocações, ele nem figurará na disputa em nível nacional. Esse plano não foi
feito para eleger Fernando Henrique Cardoso. Ele foi escolhido como gerente do
capital financeiro internacional para implementar esse plano econômico, que
está levando à desgraça milhões e milhões de brasileiros.
O Sr. João
Dib: Nobre
Vereador, eu vou reiterar a colocação que fiz: O Ministro da Fazenda Cyro Gomes
autorizou a importação, indiscriminadamente, por uma incompetência dele.
Poderia, num período curto, fazer o que fez, mas não fazendo por todo o tempo,
como aconteceu.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO:
Ver. João Dib, eu gostaria de voltar a esse tema, porque esse debate me interessa
muito.
Eu não sou economista, sou
bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, mas mesmo assim tive a sensibilidade,
no primeiro discurso que fiz nesta Casa, de apontar que era uma questão lógica
que o Brasil não tinha plano econômico, que havia meramente a tentativa de
colocar o dólar paralelo ao real, ou seja, o real está sendo supervalorizado,
ele não tem o valor que lhe é atribuído.
Hoje nós estamos com o
comprometimento de 4,3% nas contas externas, qualquer analista sabe que, quando
chegarmos aos 6% no comprometimento do PIB, estaremos na mesma situação que
estão os "tigres asiáticos". Nós só estamos levando essa aventura que
está levando à desventura de milhões e milhões de brasileiros pelas
privatizações, da forma como estamos fazendo.
Então, Srs. Vereadores, nós
sabemos o que vai significar essa observação do Courtis, essas observações do
Ver. Pedro Américo Leal que, de forma insuspeita, tem feito nesta Casa e das
que este reles Vereador tem alertado. Sabemos nós o que significa, quando
tivermos que desvalorizar o real em 30%, que vai perder as contas públicas
deste País, vai aumentar ainda mais a dívida, que é astronômica. A dívida
mobiliária brasileira de 94 para cá triplicou, saltou de 64 bilhões para quase
300 bilhões de reais.
Não é possível que a Nação
continue a fazer ouvidos moucos; não é possível que essa aventura siga ainda
mais. É por isso que eu concito que façam esse debate nesta Casa, que Porto
Alegre tenha voz ativa nesse processo e que as intervenções deste Vereador, que
as intervenções do Ver. Pedro Américo Leal sejam discutidas, porque esse é um
tema do qual vai depender a vida de milhões e milhões de brasileiros. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Vera. Maria do Rosário está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o debate político nesta Casa é um dos elementos
principais do nosso relacionamento e do entendimento que temos do que é a
Cidade de Porto Alegre. Esta Cidade pulsa pela democracia, deseja a democracia
e está presente no debate nacional historicamente. Essa é a nossa conformação
histórica e política. O debate desta manhã honra a tradição e a história desta
Cidade.
Quero participar deste
debate com relação às questões gerais e dos condicionantes que estão
estabelecidos para Porto Alegre, a partir do que eu chamaria de fúria
tributária do Governo Central. O Congresso Nacional debate hoje, e esperamos
que aprove uma nova legislação no
sentido de rever os elementos da Lei
Kandir. Em Porto Alegre, no ano
de 1997, nós debatemos bastante sobre
esse tema, discutimos a necessidade de uma nova planta de valores para esta
Cidade, debatemos todas as questões orçamentárias, pois perdemos trinta milhões
de reais nos repasses. Lemos hoje os jornais e, além do Deputado Federal Miguel
Rosseto da Bancada do PT, também ouvimos as declarações de um representante
insuspeito do PMDB, o Deputado Germano Rigotto que apresenta dados, números ao Rio Grande do Sul, e, de
forma transparente, ficamos sabendo de uma parte que estamos perdendo como
Estado e, certamente, não menos de quatrocentos milhões de reais deixaram de
ser repassados ao Rio Grande do Sul. Os jornais atestam no dia de hoje que
cerca de quarenta milhões chegaram a ser repostos, mas, seguramente, trezentos
e sessenta milhões ficaram concentrados no Governo Federal por conta dessa Legislação, que eu não diria que não foi
debatida com os governos estaduais e no Congresso Nacional. A verdade é que o Parlamento Federal, assim
como a maior parte dos governos estaduais, está, como colocaram aqui os
Vereadores Clovis Ilgenfritz e Juarez Pinheiro, atrelada ao Governo Central, aprovando tudo o que é proposto pela
pasta da economia do Governo Federal. E a Lei Kandir estabeleceu-se com mais
uma isenção, talvez a principal, para as exportações de produtos primários e
também para produtos semi-elaborados. O Rio Grande do Sul, em especial, perdeu
com isso. Não se pode dizer que não estamos debatendo a Cidade de Porto Alegre.
Estamos apontando aqui uma situação real, concreta. Determinadas deliberações
da burocracia e dos interesses econômicos de Brasília e desse Projeto que
concentram recursos com todo o discurso do saneamento do Estado, e que, no
entanto, prejudicam enormemente, e, de um modo particular, aos municípios.
Vejam, por exemplo, Porto Alegre, que, nos últimos dois anos, recebeu as
obrigações concretamente da área da saúde, da assistência social, e que tem
dado conta dessas políticas. Ao mesmo tempo que se desarticula no nível federal
a LBA, recebemos praticamente todas as creches para o repasse de recursos a
partir dos recursos do Município. No entanto, aquele repasse de recursos
devidos aos municípios, aqui, dos 25% do Fundo de Participação dos Municípios
do ICMS, teve uma redução considerável para todos os municípios e, em
particular, refiro-me a Porto alegre. Fundamentalmente em função dessa política
de isenções que tem sido o tom da economia do País e o tom também aqui no
Estado, através do FUNDOPEN, através de diferentes políticas desenvolvidas pelo
Governo Britto e que prejudicam de um modo bastante duro os municípios.
Portanto, esses Projetos de
Lei que estão tramitando hoje no Congresso Nacional, tanto o do Dep. Federal
Miguel Rossetto, quanto o do Dep. Germano Rigotto, talvez agora, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul se
posicione diferentemente do que se posicionou no início, porque quando a Lei
Kandir for votada no Congresso Nacional - é importante que se registre o
alinhamento do Governo do nosso Estado com o Governo Federal para a sua aprovação
-, bem como do Fundo de Estabilização Fiscal, como também de outras
legislações, como a questão do Fundo de Valorização do Magistério, que tirou do
Município de Porto Alegre, neste ano de 1997 e 1998, cerca de nove milhões de
reais do repasse da área de educação. Ora, Srs. Vereadores, o Governo do Estado
do Rio Grande do Sul foi alinhado ao Governo Federal. A palavra forte que o
Ver. Juarez Pinheiro utilizou aqui, classificando o Gov. Antônio Britto de
assecla na sua relação com o Governo Federal, nós poderíamos traduzir por
alinhamento absoluto, que fere os interesses do Estado, haja vista a postura de omissão e de
conivência que este Governo do Estado teve, e está tendo até os dias de hoje,
quanto à privatização do Meridional. Todos os Governos do Estado, de diferentes
Partidos, desde o Governador Simon até o Governador Collares, passando também
desde o Governo de Jair Soares, tiveram uma postura de defesa do Banco
Meridional. Pois aí está mais um exemplo do alinhamento absoluto do Governo do
Estado com o Governo Central e de como isso, do ponto de vista das legislações
e, especialmente, na área econômica e no que trata a matéria tributária, o
Governo do Estado vem se alinhando ao Governo Federal, mesmo trazendo prejuízos
consideráveis, incisões na sua base nos Municípios aqui do Estado.
Mas quero me referir, neste
momento, a uma situação particular, nos dias em que estive fora de Porto
Alegre, obviamente não da Comissão Representativa, no final de semana passado,
quando tive a oportunidade de perceber de
forma mais clara como Porto Alegre está cercada por pedágios. E vejam os
Senhores que este debate não foi estabelecido com ninguém, mas a privatização
das estradas chegou às raias da loucura
dentro do projeto neoliberal. É só lucro e lucro absoluto. Quais os
benefícios apresentados por esta grande empresa que recebeu a concessão na “Freeway”, na ida para o Litoral Norte, ou mesmo aqui em Eldorado, nós não
vemos praticamente nada. Alguns postes, uma pista mais pintada, nada de
asfalto, certamente uma situação mais difícil ainda para os motoristas, mais
difícil ainda para os porto-alegrenses, em particular, que viajam em férias
para o Litoral Norte. São quatro reais para ir e voltar. Talvez os Srs.
Vereadores não vejam uma relação entre a minha intervenção anterior sobre a Lei
Kandir e esta. Na verdade, tudo isso faz parte de uma política de entregar
aquilo que pode dar lucro para a iniciativa privada. Na estrada, em qualquer
país, é garantido o direito de ir e vir, e nós estamos aqui concedendo uma área
fundamental, concedendo uma estrada que em outros tempos, nós diríamos, e
podemos dizer, que é uma questão de segurança nacional, para a iniciativa
privada.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, gostaria de dizer
que participo da preocupação de V. Exa. em relação à crítica ao modelo do
Governo Fernando Henrique e, notadamente, ao processo de privatização, muitos
deles, mal feitos, exemplo disso o escândalo da Vale do Rio Doce. Agora, quero
dizer que não podemos nos colocar contra todo o processo. Não podemos
ideologizar de forma plena. Nós temos que ter um caráter pragmático. Cito como
exemplo a questão das estradas que V. Exa. coloca porque há um reconhecimento
com relação à "Freeway". Outro dia, o Dep. Pompeo de Mattos enfrentou
problemas e teve um atendimento à altura. Há pedágio no mundo inteiro.
A SRA MARIA DO ROSÁRIO: Quero
concluir dizendo que é o absurdo da privatização. Nem o que é essencial está
sendo salvo no projeto de privatização e esta, ao meu modo de ver, na
"Freeway", nos três pedágios, é a maneira mais esperta de ganhar
dinheiro. Ganhar dinheiro aplicando nada, ganhar dinheiro sem risco. Esse é o
capitalismo sem risco. Quantos tostões foram colocados na "Freeway"?
Penso que o debate está aberto e gostaria que os porto-alegrenses pudessem
opinar, assim como o Estado do Rio Grande do Sul, acerca do que estão pagando e
não estão vendo retorno. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Ainda há um Vereador titular que não foi chamado, o Ver. Paulo Brum
está com a palavra.
O SR. PAULO
BRUM: Sr.
Presidente, vou utilizar a minha própria tribuna, visto que este Plenário ainda
está com uma deficiência no que tange ao acesso de cadeira de rodas à tribuna
principal dos Vereadores, mas tenho certeza que em breve essa deficiência será
sanada, na busca de que todos tenham direitos iguais.
Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Vereadores, ocupo esse momento que cabe a mim no período de Comunicações para
fazer um relato da representação que fiz desta Casa à Cidade de Santa Maria, no
último dia 31, onde realizamos o I Encontro da Frente Riograndense de
Parlamentares e Executivos Portadores de Deficiência. Fomos recepcionados pelo
Ver. Júlio Brenner, professor universitário, portador de deficiência física,
Vereador do PSDB de Santa Maria. Tivemos uma bela recepção, com a cobertura da
imprensa local, que, posteriormente, foi repassada a todo o Estado. A Frente
Rio-Grandense, reunida na Câmara Municipal de Santa Maria, estabeleceu algumas
propostas que serão apresentadas no VI Encontro Nacional de Parlamentares e
Executivos Portadores de Deficiências, que ocorrerá no Rio de Janeiro, no mês
de março. Passaremos a relatar algumas das propostas, para que constem nos
Anais da Casa.
Primeira: transformar a CORD
- Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência -
em uma secretaria especial para assuntos das pessoas portadoras de deficiência,
que seja vinculada diretamente ao Gabinete da Presidência da República.
Segunda: regulamentar, de
imediato, o transporte interestadual, com garantia de gratuidade às pessoas
portadoras de deficiência, notadamente carentes, com renda individual de até 3
salários mínimos. Essa regulamentação já está sendo feita no nosso Município. Os
ônibus estão sendo adaptados para o acesso das pessoas portadoras de
deficiência física. A gratuidade já existe no município de Porto Alegre e em
diversos municípios do Rio Grande. No que tange ao transporte interestadual,
ainda não está regulamentada. A Frente Rio-Grandense fará esse apelo ao
Presidente, no que tange à defesa dos
interesses individuais difusos e coletivos dos portadores de deficiência, e da
LDB, no que tange à integração e inclusão das pessoas portadoras de deficiência
no ensino regular.
Terceira: uma ação incisiva
quanto ao incentivo ao esporte e lazer
da pessoa portadora de deficiência.
Quarta: isenção de impostos para a importação de
aparelhos, equipamentos e veículos de uso exclusivo das pessoas portadoras de
deficiência. Queremos que seja agilizado o controle e fiscalização na
distribuição de equipamentos e aparelhos
fornecidos pelo SUS - Sistema Único de Saúde, propiciando ao necessitado
que receba o equipamento com a maior brevidade possível, respeitadas as normas
técnicas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Por que esse item?
Porque ficamos surpresos com a demora existente na distribuição de equipamento
para a pessoa portadora de deficiência. Ela tem o direito assegurado mas,
infelizmente, não vem sendo respeitado. Não podemos admitir que um deficiente
físico que precisa de uma cadeira de rodas tenha que ficar na lista de espera
da Secretaria por mais de um ano. Quando recebe a cadeira de rodas, esta é
descartável, ou seja, a pessoa vai utilizar dois, três ou quatro meses, e, de repente, ela não tem mais utilidade.
É bom que se saiba que, para
ser concedido o benefício ao deficiente carente, que não tem condições de
comprar uma cadeira de rodas, uma bengala ou um aparelho auditivo, tem que
haver licitação para a compra de equipamentos. E, pelas regras de licitação, a
compra é feita pelo menor preço ofertado. Imaginem, Srs. Vereadores, que o
deficiente entra numa fila de espera e quando o equipamento lhe é entregue não
permite que possa ter a sua vida laborativa e social garantida.
Então, por isso, vamos
continuar este clamor, porque isto não é uma questão só do Rio Grande do Sul ou
de Porto Alegre, mas é uma questão que envolve toda a nação brasileira: o
descaso com a assistência às pessoas com deficiência, notadamente carentes.
Também queremos o
cumprimento imediato das leis que concedem incentivos às empresas do setor
privado que admitirem em seus quadros funcionários portadores de deficiência.
Queremos também que seja
elevada a renda “per capita” para um salário mínimo, para a concessão do
benefício da prestação continuada, esse tão decantado salário da pessoa
portadora de deficiência carente. Nós sabemos que são poucos os que conseguem
esse benefício, devido à burocracia, que diz que, para que o deficiente possa
receber o benefício, tem que ter uma renda “per capita” de um quarto de salário
mínimo. Achamos isso ridículo. Por isso, há um clamor nacional para que
possamos fazer com que mais pessoas carentes possam usufruir desse benefício,
que é um absurdo, mas que, de alguma maneira, serve para o seu sustento e para
a sua subsistência.
Queremos, ainda, instituir
um programa de incentivo à família do portador de deficiência para o
atendimento especializado, que seja através de complementação de sua renda
familiar, semelhante ao programa da bolsa-escola instituído pelo governo
federal, porque sabemos que muitos deficientes estão em suas casas, relegados à
sua própria sorte, relegados apenas ao cuidado de sua subsistência. Queremos
que haja um incentivo para que milhares de portadores de deficiência possam
integrar a sua reabilitação, possam
integrar a sua escola ou aprendizado. Enfim, para que possam ser
íntegros como cidadãos. A nossa Constituição garante a reabilitação, a
habilitação e a integração social dos portadores de deficiência. Por isso, queremos que esse item possa, na prática,
ser efetivado.
Levaremos essas
reivindicações ao VI Encontro Nacional, que será realizado no Rio de Janeiro,
em março. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Juarez Pinheiro): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Comunicações.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a saúde individual de todos nós se estende e
reside na integridade psicossomática.
Ontem, o Brasil sofreu um baque,
quando vimos a nossa seleção, a famosa seleção que peregrina pelo mundo há
muitos ano, tendo à frente Zagalo, ser
parada por uma seleção jovem, de homens de cor que, na verdade, não tinham essa
petulância. Psicossomaticamente, o Brasil está em expectativa armada. O País -
por que não dizer? - ficou estatelado. E qual é a saúde somática do Brasil, a
saúde orgânica? Que me perdoe o Ver. Cláudio Sebenelo.
O Rio Grande do Sul, na
verdade, é uma Europa dentro deste continente brasileiro, porque resiste, apresenta
soluções e remendos até louváveis e muito sugestivos, que consegue trazer ao
Estado e ao município de Porto Alegre uma saúde razoável. Não é o caso do
restante do Brasil.
Eu tenho um artigo de um
médico que não conheço, Jorge Darzi, Diretor da Federação Nacional dos Médicos,
cujo título é o seguinte: “Mil novecentos e noventa e sete, o ano que não foi
da saúde”. E ele reclama: “Por que o Congresso Nacional aprovou, em 1998, uma
proposta orçamentária que é inferior a 1997?” Menos de vinte e dois bilhões de
reais para este Brasil colossal! De gente miserável, precisando de cuidados!
Nós temos cem milhões de criaturas no Brasil que não têm onde cair mortas! Como
é que nós podemos privatizar alguma coisa? Privatizar a saúde! Como?
Respondam-me, como? E eu vou me embora da tribuna, vou me sentar na minha
Bancada, se conseguir uma resposta para isso. Por que não há verba para a
saúde? É muito fácil de explicar. Nós estamos agora caminhando para uma
novidade, poucas cabeças do Brasil estão voltadas para as privatizações e para
o saneamento das instituições financeiras dos estados. O Rio Grande do Sul é
uma exceção! Mas o resto do Brasil não é. Ele está englobado numa verdadeira
miséria nacional de dinheiro. Cinqüenta bilhões de reais vão ser mobilizados pelo
Tesouro Nacional para socorrer às instituições financeiras dos estados. Dezoito
instituições financeiras vão ser privatizadas e oito vão ser saneadas.
Então nós englobamos
cinqüenta bilhões a vinte um bilhões de reais do PROER, que não voltou, para os
cofres públicos. Nós temos aí setenta bilhões de reais. "É dinheiro para
chuchu", como se diz na gíria. E sabem qual é o aumento da dívida interna
do Brasil, de 96 para 97, caminhando para 98? Cem bilhões de reais. É a
velocidade da dívida que aumenta que me assusta, não é a dívida. Nós devemos,
internamente, em títulos. Tudo isto, todos sabem, acontece quando nós mexemos
com o dinheiro do Tesouro. O Governo não fabrica o dinheiro, o dinheiro é
riqueza da Nação. O nosso PIB é 600 bilhões.
Nós estamos agora às voltas
com um aumento de 100 bilhões, em doze meses. Este dinheiro foi convertido em
títulos para facilitar esta dívida dos estados.
Então, meus senhores, a
situação é grave. Nós devemos meio PIB, estamos devendo 225 bilhões de dívida
interna e não sei quanto de dívida externa. Eu vou até dar aqui, de barato, que
sejam 140 bilhões. A dívida externa está até regulamentada, os juros pagos são
imensos, mas, na verdade, nós sabemos o quanto devemos. Mas a dívida interna é
incontrolável.
Nós estamos devendo meio
PIB. É de assustar. E qual é a situação da
Saúde? O ano passado, Caruaru, todos se lembram deste caso. Santa
Genoveva, quem não se lembra? Em Caruaru, tivemos o problema das hemodiálises trazidos à tona, gente morrendo "em
penca", que até o próprio coveiro daquela região do Nordeste dizia:
"Nunca vi tanta gente morrendo da mesma coisa!" Ele dizia isto, na
ignorância. E isto não é ofensa, porque ignorância é desconhecer o assunto que
está tratando. Esta foi a declaração do coveiro nordestino, pois morria gente
"em penca".
E em Santa Genoveva? Que os
velhinhos morriam por questões de falta de assistência, de miséria, de
indigência, de não darem absolutamente atenção a eles.
E agora, as maternidades do
Rio de Janeiro estão passando por uma tragédia incrível: crianças estão
morrendo. Eu não sou técnico, não sou médico, sou apenas psicólogo, tenho
alguma visão do assunto, mas não chego a filigranas como pode chegar o meu
colega Ver. Cláudio Sebenelo,
mas é de estarrecer. As crianças morrem, há crianças do mesmo berçário, estão elas conjugadas, acho que não é possível admitir uma coisa dessa no Rio de Janeiro, no Alexander Fleming, em Marechal Hermes, e no Fernando Magalhães, em São Cristóvão,
onde eu nasci. Esta é a situação do Brasil, do Brasil miserável. E ainda tentam
me convencer de que esta onda que está
no mundo de globalização e de liberalismo é aconselhável que adotemos. Ela é
irreversível, vai varrer todos aqueles
que querem e que não querem! Vamos
privatizar o País, vamos vender tudo
e com o que vamos ficar? Sim,
admito: vendemos tudo, e daí? Não temos
mais nada para vender. O Estado ficou fraco, ficou diminuto, o Estado vai
cuidar da segurança e da saúde? Não sei se vai cuidar. De transporte e
educação? Mas que Estado é este? Um Estado minguado, desmoralizado
completamente, sobrepujado pelos interesses privados. Isso não pode acontecer.
Nós temos que conseguir uma fórmula que impeça isso, tanto que acabei de
citar, em aparte, que algumas autoridades, a exemplo do Papa em Cuba, na Praça da Revolução, apontava a globalização e o neoliberalismo como uma atitude
nefasta que precisa ser combatida. O Soros, um megainvestidor, alerta o
mundo, ele está falando contra ele! O
Soros falando alguma coisa contra ganhar dinheiro. Está vendo que isso está levando o mundo à destruição
completa. Então, meus senhores, nós do
Rio Grande do Sul resistimos e, por
isso, desejo pedir ao PT que me providencie, que me dê uma resposta da inspeção que fiz, de dois
dias, pela manhã, no Hospital de Pronto Socorro. São problemas que precisam ser
sanados. Por meio dessas medidas é que conseguiremos impedir que o Rio Grande
do Sul vá na voragem de incompetência, de destruição e de inconseqüência que
domina o País na área da saúde. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria retomar, nesta
tribuna, algumas das questões que foram abordadas por vários Vereadores - e eu
lembro, em especial, pelo Vereador que está presidindo esta Reunião, Ver.
Juarez Pinheiro. Ele fazia uma análise crítica da questão do capital financeiro
internacional e de suas repercussões sobre o Brasil.
Na minha avaliação essa é
uma preocupação muito justa. Acredito que não haja ninguém no mundo, hoje, que
de sã consciência não tenha a certeza da necessidade de se criarem mecanismos
de controle sobre a grande massa de capital volátil que gira de um lugar para
outro, de acordo com os interesses dos grandes especuladores financeiros.
Não há dúvidas sobre o
caráter perverso de uma política globalizante, monopolizada pelos grandes,
pelos poderes financeiros, que cria
extremas dificuldades para os países que não têm o peso político dos grandes cenários
dos fóruns internacionais. Eu acredito
que essa situação, bastante divulgada, difundida, criticada, é compreendida
pelos países, e que é tarefa de todos os políticos e de todos os cidadãos
somarem seus esforços na luta pelo controle desse capital volátil, e dessa
política especulativa.
Porém, eu considero que,
além dessa denúncia, além da busca desses controles, é preciso que busquemos um
acompanhamento muito concreto das administrações de todos os poderes. E nós, os
Vereadores, que somos cidadãos brasileiros temos a responsabilidade de discutir os problemas nacionais,
internacionais, estaduais, mas temos uma responsabilidade muito direta com o
Município que nos elegeu. Se estamos na Câmara Municipal é porque o povo de
Porto Alegre elegeu 33 pessoas, entre tantas que disputaram as vagas.
Quero então dizer, sendo
esta a nossa primeira responsabilidade, é muito importante que todos os
Vereadores, inclusive os da situação, da Bancada do PT, pudessem analisar,
aqui, as graves e sérias dificuldades da Administração da Cidade de Porto
Alegre, que se repete a três gestões seguidas, que exigissem maior cumprimento,
maior definição de uma política de desenvolvimento para Porto Alegre, que
atraia indústrias, e assim atraia empregos. E uma avaliação de algumas medidas
públicas da Prefeitura de Porto Alegre, que tem expulsado para a Grande Porto
Alegre e outras regiões do Estado, indústrias que, se ficassem aqui, atrairiam
empregos para os trabalhadores desempregados.
É muito importante, também,
que ao lado da crítica de uma política neoliberal, analisemos quando uma
prefeitura, como é o caso da Prefeitura de Porto Alegre, que tem tido enorme
dificuldade na definição de uma política educacional, que altera cada vez que
altera o Secretário da Educação. Talvez por isso coloque, hoje, Porto Alegre na
lista dos últimos municípios que tem assumido o ensino do 1º Grau. Trazendo este debate para a Câmara possamos
contribuir para que a educação seja uma prioridade no Município de Porto
Alegre.
Quero criticar as políticas
neoliberais, mas quero exigir para Porto Alegre uma prioridade para a política
de saneamento, quero exigir uma política
que não tire dinheiro do DEP, que garanta que Porto Alegre não fique
alagada, inundada a cada chuva, pondo em risco a população da Vila Farrapos na
Zona Norte. Porque, se não fizermos assim o nosso discurso fica vazio, exigimos
de outros níveis de governo e não garantimos uma política que priorize a
população; não garantimos uma política que priorize a questão da saúde, aqui
levantada pelo Ver. Pedro Américo Leal, e que trouxe para Porto Alegre uma
enorme dificuldade em uma das maiores instituições de saúde da nossa Cidade,
que é o HPS.
Eu queria parabenizar o Ver.
Adeli Sell pela sua preocupação em relação a revitalizar Porto Alegre, através
de uma programação para todo o ano. Eu me somo a essa preocupação, e acho que
todos os Vereadores desta Casa já têm demonstrado esse interesse, e em 1998 teremos que ser absolutamente
rigorosos na exigência de uma política de turismo, porque política de turismo
significa trazer recursos, trazer dinheiro e investimentos. A ausência de uma
política de turismo para Porto Alegre tem prejudicado a política de turismo do
Estado do Rio Grande do Sul, porque a Capital de um estado é a porta de entrada
daquele estado e, portanto, continua em pauta e atual a discussão do
fortalecimento da EPATUR ou da criação de uma secretaria de turismo, que é a
proposta que eu defendo para esta Cidade. Porto Alegre, pela sua importância
estratégica para o MERCOSUL, deve ter uma secretaria de turismo para que atraia
turistas e setores dos outros países, para que não seja apenas um grande
corredor por falta de uma política clara, por falta de opções - que existem -,
porque a Cidade tem um grande potencial de turismo ecológico, de turismo de
serviços, mas não havendo uma definição pública de prioridade para essa área,
acaba fazendo com que Porto Alegre desperdice esse seu potencial.
Acho justo, também, criticar a fúria tributária de outros
governos, porém é importante dizer que Porto Alegre, hoje, só não foi, mais uma
vez, vítima da fúria tributária na área do IPTU, porque esta Casa foi unânime,
baseada na vontade da população, impedindo que o Executivo Municipal, durante
três gestões seguidas, elevasse o IPTU acima do nível inflacionário.
Eu queria dizer, de forma
muito fraterna, à Vera. Maria do Rosário, que usou a tribuna e fez a discussão
de um tema muito importante, que é a rediscussão da Lei Kandir, que é uma Lei
que tem as suas vantagens, porque desonera a exportação e cria possibilidades,
mas é muito perversa com os estados. E
eu tenho muito orgulho em dizer que o meu partido, no governo do Estado do Rio
Grande do Sul, tem sido um grande batalhador na redefinição dessa Lei. E queria
dizer à Vereadora que ela usou uma frase muito bonita do ponto de vista
retórico, dizendo que Porto Alegre pulsa democracia. Eu acho que pulsar
democracia é uma questão que faz parte da história da nossa Cidade, isso é
verdade. Mas para que essa frase saia da retórica e se transforme na prática da
política pública, transforme-se em uma prática cotidiana do Executivo Municipal
de Porto Alegre, tem que, na verdade, mudar algumas rotas de orientação
pública, como por exemplo o que foi aqui hoje denunciado em relação ao Conselho do Meio Ambiente, que
faz com que Conselheiros sejam substituídos para votar com os interesses do
Executivo. E se nós analisarmos os votos do Conselho Municipal do Meio Ambiente
em relação à Pista de Eventos, vamos ver uma nítida diferença da votação dos
conselheiros das sociedades civis e dos conselheiros governamentais. Portanto,
vamos discutir democracia, mas vamos
discutir democracia em cima de cada fato concreto, porque senão
começaremos a fazer um discurso contraditório. Criticamos os governos que não
priorizam a área social, criticamos a falta de democracia dos outros e
permitimos que, dentro do nosso Município, as ações antidemocráticas se cristalizem ao longo dos anos. Democracia é
fundamental e desenvolvimento também é fundamental para Porto Alegre. Esses
dois eixos têm que ser centrais nas discussões desta Câmara, porque nós,
Vereadores, somos eleitos para garantir os seus direitos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicações.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Cumprimento a Vera. Clênia Maranhão pelo seu
brilhante discurso. Solidarizo-me com o Prof. Sandor Arquino Grehs que foi
tentado pela Administração Municipal a ser afastado do Conselho, porque votou a
favor do sambódromo fora do Parque Marinha do Brasil. Esse assunto já foi focado aqui.
Hoje eu queria falar, não da
área da saúde, mas da área da doença. De doenças graves que nos atingem como
sociedade, não só no seu coletivo, mas cada um dos seus indivíduos. Uma doença
desta Administração Municipal, que por falta de planejamento, por falta de
vontade política, ao invés de contornar os problemas urbanos, passe - pelo
menos uma vez, nessa pequena e já trágica história - a enfrentá-los. Uma doença
ecológica, doença dos nossos cinco sentidos, e que a alma da Cidade está
profundamente atingida, estamo-nos referindo ao Arroio Dilúvio, cujos problemas
da maior gravidade são focados em duas reportagens de "Zero Hora" do
dia nove de abril de 1986, há quase doze anos. O título da reportagem foi:
"Dilúvio, a podridão é o cotidiano de 1400 pessoas" e deveria ter se
chamado “A Indiferença Administrativa”. Quase todos os porto-alegrenses passam
diariamente pela Av. Mangue-Divisória da Cidade de Porto Alegre. Divide-a em
metade Norte e Sul. A Av. Ipiranga nas duas margens do Arroio Dilúvio começa lá
no Beco do Carvalho e termina na Edvaldo Pereira Paiva, acompanhando
parcialmente o trajeto desse Arroio, que tem a sua nascente lá nos altos do
morro próximos a Agronomia ou no Morro do Sabão, mais exatamente na
Barragem Partenon, dentro do parque "Saint Hilaire" e, com a
ajuda de inúmeros outros arroios colaterais, deságua no Guaíba formando uma
bacia. Uma rápida passagem pela sua extensão já nos dá a idéia de uma política
de esgotos pluviais e cloacais desta Cidade pela constrangedora visão e olfação
de suas águas poluídas, verdadeira cloaca de Porto Alegre. Tem como afluentes
principais o Cascatinha, o do Meio e o São Vicente. Outros menores desembocam
diretamente no Dilúvio e todos, o conjunto, formam com o eixo principal, a sua
bacia. Mais próximo à sua nascente, localiza-se o Instituto de Pesquisas
Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Se em vez de
considerarmos só o Arroio levarmos em conta os seus afluentes, o problema
torna-se mil vezes mais grave. Eles estão contaminados por uma mistura pluvial
e cloacal de toda a Cidade. Nosso macabro passeio, para fins didáticos, tem
início na foz do Arroio Dilúvio, onde
os detritos, as fezes humanas e o lixo urbano, constituído de grande parte de
material plástico se amontoam em seus galhos de árvores, aguapés e vegetais,
que eventualmente ali crescem, contrastando o preto opaco das águas com a
brancura das aves palmípedes que ali pousam. As águas do Rio Guaíba recebem-no,
nesta altura, contaminando-se com toda a sorte de materiais, e a fauna e flora
microbiológica, numa mancha preta em suas águas barrentas, que atinge
facilmente a estação captadora de água
do DMAE, na altura do Parque Marinha do Brasil para obtenção de água
"potável", depois de tratada. Sem nos apercebermos que resto de
mercúrio e cádmio estão nessa água, indiferente do tipo de tratamento.
Balneabilidade, nem pensar. Que dirá, potabilidade! É a insensatez a nos
presidir há muitos anos. Ao subirmos em direção a sua nascente, continuamos
vendo o Arroio com eventuais canos de grande diâmetro, destinados à água
potável, atravessarem seu leito, debaixo de suas pontes, onde toda a sujeira,
todo o lixo urbano e humano, encontram abrigo. É a população deseducada.
Um arroio que deveria ser
atração turística e de lazer, especialmente de banho e pesca, passa a ser -
pela insensibilidade das administrações da Cidade que se sucedem, sem
reeducação de seu povo e de seus administradores, sem fiscalização - o depósito
mais infecto e o pior exemplo de política de meio ambiente. Ou de como
prostituir a perfeição, a destinação de um curso d'água longo e benfazejo. A
ponte da Azenha merece uma citação, por ser histórica, sim. Ali deu-se a
batalha da Azenha na Guerra dos Farrapos. A ponte tem seu nome de um riacho
colateral. Está destruída e deturpada na sua arquitetura rica e votiva.
Emblematicamente. É o pleno desleixo com nossos monumentos, com nossa história,
com nós mesmos. O estado de suas pontes, as outras, é lamentável, algumas recém
pintadas, necessitando serem repintadas, já descascadas, com cores de extremo
mau gosto e de qualidade duvidosa. Nas quadras adiante, o lixo, o mau cheiro
das canalizações, nele desembocando por grandes aberturas que drenam de arroios
laterais, até chegarmos às dragas.
O desassoreamento sendo
feito por terceirização, não (ou mal) fiscalizada, os taludes laterais cheios
de areia que as enxurradas e a pá dos operários devolvem a seu leito numa
interminável - e rendosa - operação de vai e volta da areia, dragagem
insuficiente e eterna, ou seja, do eixo principal, lá da nascente, até a foz,
grande quantidade de areia é trazida pelas águas, junto com o lixo urbano, com
a deseducação do povo (dos administradores também) e da falta de limpeza. Desfiscalização
das empresas de dragagem terceirizadas e tornando perene a operação com
garantia de um bom negócio para as dragas e seus proprietários. Por que não
conceder ao arroio o reflorestamento de suas margens e de morros próximos? Com
o impedimento oferecido pelas árvores e suas raízes, diminui acentuadamente a
quantidade de areia em seu leito - a longo prazo.
Na metade do Arroio Dilúvio
é imperiosa a conclusão. É indispensável que o arroio volte à sua destinação de
arroio pluvial. De águas transparentes, com fauna preservada servindo de lazer,
de banho, de atração turística, de pesca. O curso dos arroios colaterais devem
ser desviados pela intensa contaminação, como esgotos pluviais e cloacais,
concomitantes, para estações de tratamento de esgoto e, então, lançados em
outras vias hídricas. Por que até hoje não se conceberam equipamentos
desarenadores próximos a sua nascente? É o mínimo que uma política para o
Arroio Dilúvio poderia prever.
De suas laterais partem
inclusive substâncias venenosas, do lixo hospitalar - Hospital de Clínicas,
Hospital Ernesto Dornelles e Hospital São Lucas da PUC -, outros resíduos como
mercúrio, antibióticos, hormônios que permanecem durante muito tempo em suas
águas, danosos à saúde da população.
Como natureza é sábia temos ao
longo do arroio, ilhas de capim gordura, de frondosas árvores, como o
salso-chorão, a mamona e outros arbustos que vão e voltam com as secas ou com
as enxurradas, na sua sabedoria, que arranca das águas pútridas, N, P e K
(Nitrogênio, Fósforo e Potássio) e se
tornam verdes, frondosas.
Nos dias de temperatura
acima de 35 graus as crianças das suas margens costumam banhar-se sem saber os
perigos por que passam, por exemplo, como a leptospirose, uma zoonose
transmitida pela urina dos ratos freqüente especialmente em zonas de alagamento
pluvial ou extravasamento das cheias dos rios. Gastroenterites, febre tifóide.
hepatite, verminoses e tétano, são algumas das severas moléstias que podem
atingir desavisados banhistas, em geral crianças que ao buscarem lazer colocam
em risco suas vidas.
Sabem por que não existe
desassoreamento inteligente no Arroio Dilúvio? Por que nunca foi construída uma
estrutura desarenadora instalada próxima ao desmatamento mais intenso? Sabem
por que seus afluentes estão totalmente
contaminados? Sabem por que não há uma ação saneadora integrada entre a SMOV, o
DMAE, o DEP e a SMAM? Sabem por que a política da SMIC fornece alvarás a poluidores? Por que não
envolver comunidades interessadas? Por que não envolver moradores dos bairros
próximos? Porque há falta de uma política municipal de esgotos, não só pluvial,
não só cloacal, como de restituição das destinações de seus recursos hídricos
contaminados, sujos. Verdadeiras lixeiras que tornam inviáveis os programas
destinados a recuperação da balneabilidade e potabilidade do rio Guaíba que
deveria incluir o arroio maior, o Dilúvio. Faltam administração e integração.
Ao invés de atrair seus moradores e turistas, é uma das vergonhas de Porto
Alegre. Assim explica-se os alagamentos pluviais de nossas ruas, onde,
obrigatoriamente, os munícipes da “muy leal e valorosa” ou adotam o signo de
peixes, ou aprendam a nadar.
Talvez com o “El Niño” seja
indispensável um novo Noé para dirigir
o DEP, pela falta de uma política municipal de esgotos. Por favor, que volte
aqui o Diretor do DEP para nos explicar
essa vergonheira de mais de dez anos chamada Arroio Dilúvio. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerramos a intervenção dos Vereadores suplentes. Agora serão chamados os Vereadores
titulares da Comissão Representativa.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Requerimento): Requeiro cópia do discurso do Ver. Cláudio Sebenelo e me coloco à
disposição para um debate acerca das questões trazidas pelo Vereador à tribuna.
O SR.
PRESIDENTE: Com
o assentimento do Ver. Cláudio Sebenelo, o seu Requerimento está deferido.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELLO: Agradeço
o interesse e a atenção da Vera. Maria do Rosário.
O SR.
PRESIDENTE: A
Ver. Anamaria Negroni está com a palavra em Comunicações.
A SRA. ANAMARIA
NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostei
muito do discurso da minha querida amiga Vera. Clênia Maranhão, porque abordou
assuntos muito importantes para Porto Alegre, principalmente no que se refere
ao turismo, que é uma das faces da minha plataforma de campanha: a fomentação
do turismo na Cidade de Porto Alegre e, sem dúvida nenhuma, no Estado do Rio
Grande do Sul, porque o turismo, além de gerar empregos, movimenta a economia e
traz divisas. E isso é o que precisamos, não só nesta Cidade como em todo o Estado.
O Estado do Rio Grande do
Sul tem trabalhado muito com relação ao turismo, através da Secretaria de
Turismo, com o Dr. Stauber. Temos um programa maravilhoso de turismo para o
Estado. Acho que nosso Estado está bem servido com essa nova política, porque todos nós que lemos sabemos
o quanto o turismo traz de benefícios para uma nação.
Há países europeus cuja
economia é baseada na receita do turismo.
Levando em consideração
todas essas coisas, não vemos como mudar. Neste momento do MERCOSUL, nós
estaríamos fomentando o turismo em Porto Alegre. Temos condições de sobra para
isso, temos cidades belíssimas que não têm o aproveitamento que deveriam ter.
Temos um Projeto belíssimo, que é o Porto dos Casais, que, por um mistério, não
consegue ter a liberação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Talvez,
porque esse Projeto é um projeto do Estado do Rio Grande do Sul e não, um
projeto da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Infelizmente, este tipo de
política, meio que radical, nada construtiva, prejudica a Cidade. Isso é muito
nocivo, quando há tantos desempregados em Porto Alegre. Mas aí vem aquela
coisa: quanto pior, melhor para nós. Melhor para nós, para dizermos que são
tantos os desempregados e assim por
diante.
Acreditamos que, a partir
desta Câmara de Vereadores, já que nós trabalhávamos no ano passado com um
Projeto para criar uma Secretaria de Turismo - mas entramos em desvantagem,
porque o nobre Ver. Adeli Sell nos precedeu,
podemos trabalhar juntos, sem dúvida nenhuma. Vejo que a Vera. Clênia
Maranhão também está interessada. E não só a Vereadora, como todos os Vereadores desta Casa estão
interessados. Se é necessário extinguir a EPATUR, se não deu certo, um
escritório de turismo vai diminuir mais ainda, vai restringir mais o turismo na
Cidade de Porto Alegre. Com uma secretaria, nós teríamos condições de trabalhar
de uma forma mais abrangente, mais direcionada. Penso que aí é que está a
solução para o problema.
Eu vivi na Itália, na
França, na Espanha, na Argentina. Onde tive possibilidade de ver, principalmente na Europa e Estados Unidos,
que esses países são totalmente voltados para o turismo.
O Sr. Pedro
Américo Leal: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Quero manifestar meu apoio
integral a V. Exa., que dá essa sugestão de que o Município seja sensível e que
faça uma secretaria e não, um escritório de turismo. Como Líder do Governo, na
Assembléia Legislativa, votei contra o Governador Jair Soares, meu amigo, para
que não extinguisse ou que não adormecesse a Secretaria de Turismo. É
importantíssima. Hoje em dia é uma fonte de divisas incrível, V. Exa. tem
razão.
A SRA ANAMARIA
NEGRONI: Esse
Projeto da extinção da EPATUR voltará à tona e eu acredito que, com uma
secretaria, nós poderíamos garantir que esses funcionários que estão, hoje, na
EPATUR, viessem trabalhar na secretaria. Agora, minorar essas condições, não
podemos aceitar.
A SMIC já tem uma série de
atribuições, e esse escritório de
turismo estaria vinculado à SMIC. Não
vejo o porquê de estar vinculado à SMIC. Poderia estar vinculado à Secretaria
da Cultura. Mas eu, e também outros Vereadores desta Casa acreditamos que se
nós sabemos que a fomentação do turismo traz empregos, gera renda - e que vamos
solucionar esse problema de desemprego, que é grande -, vamos educar o nosso
povo para receber outros povos. E já vamos estar educando. É uma gama tão
grande de empregos que se pode gerar, além dos impostos etc.
Essa é saída que vejo para Porto Alegre.
Como muito bem falou a Vera.
Clênia Maranhão, o turismo é todo desenvolvido para o Estado do Rio Grande do
Sul; tem-se que começar aqui, na
Capital. Tanto é que foram feitos 10 pórticos pelo Governo do Estado para o Rio
Grande do Sul, e esta Vereadora entrou com uma Indicação ao Governo do Estado, solicitando um pórtico para a
entrada principal de Porto Alegre. Por que a nossa Cidade não pode ser
contemplada, também, com um pórtico?
Foi feito o pedido no ano passado, numa reunião com o Secretário Stauber, e ele
me garantiu que falaria com o Governador a esse respeito, mas até agora não
obtive resposta. Mas, quem sabe, se não sair através do Governo do Estado,
solicitamos à Prefeitura Municipal que faça esse pórtico de boas-vindas, onde o
turista vá ter informações turísticas ou para onde deva dirigir-se, etc., que
realmente é necessário. Muito grata.
(Não revisto pela
oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.
O SR. ISAAC
AINHORN:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. É bom que esta Casa, no período de recesso
parlamentar, reacenda a discussão sobre o turismo, porque observamos que, por
um lado, existe uma Porto Alegre que possui indiscutivelmente um enorme
potencial turístico; por outro lado, observamos que a alavancagem do turismo na
Cidade de Porto Alegre não tem sido, infelizmente, uma prioridade da atual
administração.
Reconhecemos o empenho do
Ver. Adeli Sell. Vou explicar a razão do que estou dizendo. Não quero divergir
de V. Exa., Vera. Anamaria Negroni. Um
pórtico é uma obra bonita, é um cartão de entrada de uma cidade. Mas é mais comum em cidades menores. Se V. Exa.
me perguntar qual o símbolo de Nova Iorque, eu responderei que é a Estátua da
Liberdade. O símbolo da entrada de Porto Alegre é a figura do gaúcho, escolhida
pela população: o Laçador, localizado nas proximidades do Aeroporto Salgado
Filho.
Trago ao conhecimento dos
Srs. Vereadores que ocorrerá hoje à noite, nesta Casa, uma segunda reunião
promovida pelo meu Gabinete, em conjunto com a Associação dos Agentes de
Viagem, dos Agentes de Turismo, da Câmara Rio-Grandense de Turismo, que já
confirmaram a presença. Alguns dirigentes já compareceram na reunião da semana
passada. Estamos discutindo um assunto, a meu juízo, sem diminuir as outras questões,
fundamental para o turismo na Cidade de Porto Alegre. E não só para o turismo,
mas sobretudo, para a organização e planejamento da Cidade, isto é, a supressão
de uma obra que já exista e, conseqüentemente, não causou maiores ônus para o
erário público, que é o terminal turístico da Cidade.
Há alguns dias recebi uma
revista da Cidade de São Paulo e um parlamentar dizia que, em termos de
turismo, se o Prefeito Pitta organizasse um terminal turístico para ônibus ele
já estaria cumprindo uma grande plataforma para o turismo de São Paulo. No
entanto Porto Alegre, em novembro, acabou com o Terminal Turístico Salvador
Alliende, localizado no bairro Azenha. Era um terminal de transbordo de
passageiros e que foi desativado.
O terminal turístico foi
implantado ali na Azenha, para que não tivesse ônibus na Praça da Matriz, na
Praça Montevidéu, ônibus no Largo José Antônio Daudt, junto ao Parque Moinhos
de Vento. Sem terminal, a Cidade fica desorganizada, sem localização própria
para os ônibus. Qualquer grande cidade que se proponha desenvolver atividade
turística e organizar a sua cidade deve ter terminal turístico. Os ônibus de
turismo são, normalmente, grandes e causam, numa cidade onde existe mais de
quinhentos mil automóveis e com problema de sérios de trânsito, graves
transtornos.
A Sra.
Anamaria Negroni: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, na questão do Terminal eu lhe dou total
apoio, porque esse Terminal é necessário para Porto Alegre, não só um terminal,
mas outros também. Volto ao tema, Vereador, que diz respeito ao pórtico de
Porto Alegre. Ao Estado do Rio Grande
do Sul foi solicitado que a Cidade de Porto Alegre também fosse contemplada com
um pórtico, não só pela beleza, mas, o
mais importante, pelas informações que poderão
ser obtidas pelos que visitam a nossa
Cidade. Essa é a parte mais importante do pórtico, pode ser também um quiosque,
enfim alguma coisa que possa dar suporte, um balcão de informações ao turista.
Obrigada.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sou grato pelo esclarecimento de V. Exa.
O Sr. Adeli
Sell: V. Exa. permite-me um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver.
Isaac Ainhorn, estou completamente de acordo com a sua preocupação sobre o
terminal turístico. Digo mais, não seria necessário apenas um, poderíamos ter
vários pontos. Já falei ao Secretário Municipal do Meio Ambiente que aqui ao
lado da Câmara, próximo ao Galpão Crioulo,
temos uma parte ociosa, que não é ocupada pelo Parque e por nenhum outro
instrumento do Parque. Ali, cascalhado poderíamos ter um transbordo turístico
num lugar privilegiado, próximo ao
Centro e que, ao mesmo tempo, traria as pessoas para próximo da orla do
Guaíba e da Usina do Gasômetro.
Finalmente, queria aproveitar para dizer que
tenho reivindicado junto à Secretária Municipal de Indústria e Comércio a questão da sinalização do Mercado Público, como uma das
salas para ser utilizada para
informações turísticas, porque os olhos
do turista convergem para aquele ponto importante, evidentemente,
lá tem que ter, obrigatoriamente, um ponto de informações turísticas sobre Porto Alegre.
O SR. ISAAC
AINHORN:
Agradeço as informações prestadas por V. Exa., acredito que V. Exa. indica um
lugar interessante para localizar o terminal turístico. O Secretário Municipal
de Transporte, através de um dos seus prepostos, não foi nem ele, comunicou às
associações de turismo a desativação do terminal turístico Salvador
Alliende, localizado no Bairro Azenha.
Desativou e não deu nenhuma outra alternativa. O que a aconteceu em Porto
Alegre? Os ônibus de turismo, inclusive aqueles que transportam passageiros de
uma cidade a outra, os chamados ônibus que vão ao Paraguai comprar produtos
atrativos do chamado mercado asiático. Vejam V. Exas. que esse terminal, que
foi desativado, está com a sua capacidade ociosa. Eu acho que ali na Azenha não
era o local mais indicado, pois os ônibus têm que percorrer vários pontos da
Cidade. Eles tinham que estar mais próximos à saída.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte?
O SR.
PRESIDENTE: Ver.
Pedro Américo Leal, pela riqueza do debate, esta Presidência vai permitir que
V. Exa. faça o aparte. Só pedimos a V. Exa. e ao 1º Vice-Presidente da Casa
que, para resguardar o Regimento Interno, que sejam breve.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
Eu parabenizo V. Exa. porque o assunto é do maior interesse.
O SR. ISAAC
AINHORN: V.
Exa. tem sido sempre muito generoso com os assuntos que eu trago a esta
tribuna. Na semana passada, debatemos o Colégio Militar. Vejam a riqueza dos
assuntos que envolvem a Cidade na sua complexidade. Hoje é o terminal
turístico.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
Eu só peço a V. Exa. que, por amor de Deus,
poupem esse istmo campeiro que nós temos aqui, esse maravilhoso
logradouro onde está localizada a Câmara Municipal. Não coloquem terminal
turístico aqui.
O SR. ISAAC
AINHORN: V.
Exa. tem que dizer isso ao Ver. Adeli Sell, que é o proponente. Em segundo
lugar, os ônibus da Carris, linhas T1 e T2, têm o seu terminal dentro do
parque. Terceiro ponto: nós já temos aqui na Av. Otávio Caruso da Rocha, dentro
do parque, a egrégia Justiça Federal de primeira instância. O local apontado
pelo Ver. Adeli Sell tem o mérito de que não é área ocupada por algum
equipamento do parque. Ali está instalada a Central de Transportes de Porto
Alegre e ali no meio tem uma enorme área de barro vermelho, que, quando chove,
não oferece condições de se transitar. Com razão, é interessante a proposta.
Poderiam fazer o seguinte: reativar o terminal da Azenha e buscar uma
alternativa adequada, definitiva, para esse terminal ou até fazer vários
terminais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, bem afirma V. Exa. quando releva a
importância do debate nesta Casa, envolvendo ângulos diversos do cotidiano
desta Cidade de Porto Alegre com suas repercussões naturais no Estado e no
País.
Eu que tive a felicidade, na
parte final desta manhã de debates na Casa, de presenciar, de perceber que,
obviamente, marcada por essa temporada do famoso verão gaúcho, caracterizada
por viagens de recreação e de lazer, é natural que releve a discussão em torno
da ineficiência da política de turismo desenvolvido no Município de Porto Alegre
ao longo dos últimos anos.
Ouvi atentamente, por
exemplo, o pronunciamento da Vera. Anamaria Negroni que, com muita sapiência e
muita sabedoria, abordou o assunto, especialmente, em um dos seus aspectos mais
frágeis que é a definição do Município no que diz respeito à Empresa
Porto-Alegrense de Turismo. Empresa essa que, na prática, inexiste no dia de
hoje. Foi deliberadamente sucateada pelo Executivo Municipal que,
obstinadamente, quer extingui-la na ausência
de uma explicação maior para a Cidade. É um absurdo extinguir uma
Empresa de Turismo, quando o mundo inteiro reconhece “a indústria sem chaminé”.
Na eminência de uma reprovação global de toda opinião pública, ele justifica
essa sua obstinação para extinguir a EPATUR, dizendo que é uma empresa viciada
e que seria substituída por um organismo mais ágil, que seria um organismo de
segunda ou terceira expressão, o chamado Escritório Porto-Alegrense de Turismo.
Tudo isso é para justificar um fato que tem sido a característica das três
últimas administrações de Porto Alegre, isto é, o total, o mais absoluto e a
mais profunda ausência de política na área de turismo.
Todos nós sabemos que,
tradicionalmente, o Rio Grande do Sul se move nesse período de veraneio e, pela circunstância de estarmos entre dois grandes
pólos econômicos da América Latina - São Paulo e Buenos Aires - por aqui
transitam inúmeras, centenas, milhares de pessoas que têm acesso à serra
gaúcha, ao litoral, a Santa Catarina e até mesmo ao centro do País. As nossas
rodovias, especialmente a BR 290, nesse período, a língua mais ouvida é o
espanhol, tamanho é o número de paisanos argentinos, uruguaios que se deslocam
em direção a um desses pontos que eu me
referi.
Nesse processo todo, Porto
Alegre é ausente. Nesse processo todo, Porto Alegre não se faz presente. E
vejam bem, que só a Cidade de Porto Alegre contribui, semanalmente, com cerca
de quinhentas mil pessoal, no mínimo, que saem de Porto Alegre, que vão
alimentar as economias das nossas estações de veraneio, quando não, e o que é
mais, grave, saem do Estado e muitos saem do País. Isso tudo num momento em que
a EMBRATUR, de forma dinâmica, conseqüente e inteligente está conseguindo
reverter, em termos internacionais, esse quadro, reduzindo esta tendência
cultural do brasileiro de sair no verão do País, para ir viver o frio de Nova
Iorque ou ver as velharias da Europa.
Hoje, por exemplo, já se
sabe que o Caribe é o Nordeste e as praias nordestinas, a Cidade de Fortaleza,
Natal, Aracaju, Maceió, estão absolutamente repletas, em função de políticas
locais de turismo bem definidas que, vinculadas ao estímulo da EMBRATUR, fazem
com que desde dezembro a rede hoteleira de todo o Nordeste bata todos os picos,
todos os recordes de utilização das suas acomodações, e reverta para a economia
regional, valores de quantias,
absolutamente significativas, que são desprezadas, no conjunto, pelo Rio Grande
do Sul e, especialmente, pela Cidade de Porto Alegre, onde não se faz
absolutamente nada.
Esses dias, inclusive, retornando de Brasília, onde estava a
serviço, li o Caderno de Turismo, de um
jornal daquela Cidade. Junto a mais de duzentas ofertas de pacote, existia um
para o Rio Grande do Sul, e se destinava à serra gaúcha, às Cidade de Caxias do
Sul, Bento Gonçalves, Gramado e Canela. Nem se referia à Porto Alegre, a qual, deveria ser pelo menos
o ponto inicial e o ponto conclusivo desse roteiro.
A Sra.
Anamaria Negroni: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu realmente devo
parabenizar V. Exa. pelas suas colocações muito inteligentes. Apenas quero
enfatizar que o que está ocorrendo em Porto Alegre, é que estamos deixando esta
Cidade, com todo o potencial turístico que ela tem, ser apenas um corredor
turístico. Por aqui passam as pessoas, mas elas não permanecem, porque nós não
temos, inclusive, uma rede de hotelaria condizente. Não temos atrativos, mas
nós temos condições para tê-los, sem dúvida alguma.
Então, em um outro momento,
quero fazer uma explanação mais abrangente a respeito disto, e mostrar ao
porto-alegrense e, talvez, ao Governo Municipal, como Porto Alegre tem recursos
para que aqui seja um belo ponto turístico do nosso Estado.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Fico grato ao aparte de V. Exa.. Eu diria até, antes de ceder o aparte ao Ver. Adeli Sell, o que
farei com muito prazer, que Porto Alegre é, de todas as cidades do Rio Grande
do Sul, a que melhor condição tem de desenvolver uma política turística. Basta
que se articulem as inúmeras condições favoráveis que tem em Porto Alegre,
através de uma política inteligente, para que possamos nos situar entre as
cidades brasileiras de grande fluxo turístico.
O que nós não podemos
permitir é que a ociosidade da nossa rede hoteleira, no fim de semana de verão,
se aproxime do zero. Isso é falta de inteligência, é falta de articulação.
Nesses mesmos dias, no nosso litoral, qualquer hotel, por menos qualificado que
seja, recusa hóspedes. Por que não trazer pessoas que comecem o seu lazer por
um fim de semana em Porto Alegre e que prossigam no litoral, onde a oferta de
vagas, durante a semana é infinitamente superior ao que ocorre no fim de
semana? Porto Alegre, durante a semana, com as atividades de comércio, de
negócios, tem um razoável índice de ocupação nos seus hotéis. No fim de semana,
o índice é zero, quase zero. Na praia, se dá o processo inverso. Por que não
articular essas duas situações? Faltam
um órgão e uma política clara de turismo inteligentemente desenvolvida.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Concordo, plenamente, com V.
Exa. na questão de que Porto Alegre é, de fato, uma das cidades mais atrativas
do País para o turismo. Hoje ela é a quarta cidade do Brasil em atração para
turistas estrangeiros que descem no Aeroporto Salgado Filho, segundo dados do
ano passado. Ademais, eu queria dizer que nós podemos conjugar esforços, porque
Porto Alegre é um conjunto - Executivo, Legislativo, forças políticas, econômicas e sociais -; podemos fazer um
grande debate na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento desta Casa. Vamos
discutir a economia da Cidade! Vamos discutir, também, no Orçamento
Participativo, cuja temática de desenvolvimento já tirou o turismo como uma de
suas metas! Vamos trabalhar este ano como o ano do turismo de Porto Alegre, se
depender desta Câmara de Vereadores!
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu pediria a V. Exa. que me assegurasse os próximos
cinco minutos como uma Comunicação de Líder. Poderei, então, continuar
discorrendo sobre o assunto que despertou este debate e que justificou,
inclusive, que fossem comprometidos 50% do meu tempo em apartes, brilhantes.
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Reginaldo Pujol, Líder da Bancada do PFL, passa a se utilizar do espaço de
Comunicação de Líder.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Eu vou encaminhar a parte final deste meu pronunciamento, valendo-me
do aparte inteligente do Ver. Adeli Sell, que é um homem honesto, é um homem sincero, é um homem que
se elegeu dizendo que iria transformar o turismo em uma de suas prioridades de
atuação, e que, com enormes dificuldades e com enormes incompreensões na sua própria
área política, vem procurando desenvolver esse trabalho, dificuldades que fazem
com que, por exemplo, nesse episódio da EPATUR, ele tenha me ensejado retomar
uma linha de posição que na legislatura anterior, junto com o Ver. Isaac
Ainhorn, havíamos sustentado quando
propúnhamos que paralelamente com a pretendida extinção da EPATUR - com a
obstinada pretensão do Governo do Município de extinguir a EPATUR - fosse
criada a Secretaria Municipal de Turismo. No ano que passou, retornado à
discussão o assunto, o Ver. Adeli Sell com muita sabedoria propôs emendas ao
projeto do Executivo que sem criar dificuldades financeiras, sem criar cargos
novos, sem criar qualquer acúmulo de gastos, só por um passe de inteligência
transformava esse Escritório Porto-alegrense de Turismo - que é uma entidade de
terceiro nível, que não se ajusta às dificuldades da Cidade, que tem atrasado
as políticas de turismo. Propunha com suas emendas a criação da Secretaria
Municipal de Turismo, com estrutura leve, onde se pudesse pela compra de
serviço, pela articulação das forças vivas que interagem na área de turismo, se
poderia criar um momento favorável a
Porto Alegre, que o estudo está a recomendar.
Lamentavelmente, Ver. Adeli
Sell, e aí a dificuldade que temos de aceitar plenamente, a sua proposta de
interligação de esforços entre Legislativo, Executivo e comunidade para
enfrentar esse problema. Lamentavelmente V. Exa foi obstado nessa sua
iniciativa, porque tem interlocutores nesse processo que são radicais, que não
admitem uma vírgula de afastamento na linha que traçaram na tentativa de
oferecer uma justificativa do por quê estão fechando a EPATUR e criando um
Escritório de terceiro nível.
Estive, no ano que passou,
conversando longamente com o Vice-Prefeito da Cidade, um homem bom de diálogo,
Dr. Fortunati, e disse claramente que se o Executivo Municipal desse cobertura
as suas emendas, eu assumia o compromisso de articular os demais segmentos da
Casa e garantir uma aprovação facilitada naquele processo, desde que houvesse
essa garantia por parte do Executivo que, aprovada as suas emendas, não seriam
objeto de veto por parte do Executivo Municipal. O Dr. Fortunati que é um homem
honesto manifestou simpatia por essa posição, pediu quinze dias para dar uma posição definitiva, e nunca
mais falou comigo sobre o assunto, porque não teria boas notícias para me
oferecer. O Ver. Adeli Sell sabe do que estou falando, e é rigorosamente a
expressão da verdade.
Nesse quadro, dialogar com
pessoas que são obstinadas, cegas, intransigentes, que não cedem um milímetro,
eu não posso correr - com 58 anos de idade e 25 anos de vida pública - o risco
de dizerem: "ali está mais um velhinho ingênuo, que acredita na carochinha
e que acredita que é possível dialogar-se com algumas pessoas, que são absolutamente
resistentes a qualquer perspectiva de diálogo conseqüente". Por isso, esse
discurso que V. Exa. faz, e que eu partilharia e aplaudiria com o maior
entusiasmo possível, não tem uma das suas pernas fundamentais, pois não dá para
montar um diálogo entre o Legislativo, o Executivo e a comunidade, se uma
dessas pernas do tripé não quer dele participar. Por isso, Vereador, acho que a
sua disposição tem que ser acrescida de um elemento a mais: a audácia deste
Legislativo que tem que escancarar esse processo, abrir, enfrentar, derrubar
esses muros e essa resistência da superação ideológica no processo, porque só
assim o Legislativo de Porto Alegre poderá, objetiva e conseqüentemente,
oferecer uma contribuição sincera, correta, adequada e, sobretudo, útil para o
processo da ativação econômica da vida da Cidade e, por conseqüência, natural
para a melhoria da qualidade de vida da gente de Porto Alegre, que tem nessa
atividade do turismo e do serviço, uma possibilidade enorme, ampla, larga. Nós
temos que, apesar da obstinação de alguns, que não querem dialogar e são
intransigentes, continuar a luta e, audaciosa e corajosamente, abrir os espaços
para que se reverta essa situação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não
havendo quórum, estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Reunião às
13h08min.)
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